Folha de S. Paulo


Frente de movimentos quer lançar candidatos ao Congresso em 2018

Eduardo Anizelli/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 26-03-2017, 14h00: Lider do movimento
Rogerio Chequer durante manifestação do Vem pra Rua na avenida Paulista, em São Paulo

Depois do vem pra rua, o vem pra urna. Mais um movimento quer catapultar candidatos novatos e tentar eleger políticos ficha limpa em 2018.

Chamada de Frente pela Renovação, a nova iniciativa é composta por quatro entidades, sendo a maior o Vem pra Rua (VPR), um dos principais mobilizadores das manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

A coalizão será lançada nas próximas semanas e se assemelha em objetivos a grupos como Agora!, Acredito e Bancada Ativista, que vêm puxando a onda da renovação política nas próximas eleições.

"Vimos que não apenas devíamos discutir uma agenda para tirar o Brasil do buraco, mas buscar candidatos interessados em implementá-la", diz Rogerio Chequer, o empresário que lidera o VPR. "A gente precisa de algo tangível."

O movimento quer selecionar, treinar e divulgar candidatos para Câmara dos Deputados e Senado, em todos os Estados, sejam eles novatos ou não, desde que se alinhem a uma carta de compromissos.

Também compõem a frente: a Aliança Brasil, o Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e o Ranking dos Políticos.

Breves explicações: a Aliança (antes denominada Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos) foi criada em meio aos atos pela saída de Dilma e congrega 52 entidades (o VPR já foi integrante; hoje são membros, por exemplo, os grupos "Fora Corruptos", "Cariocas Direitos", "Chega de Impostos" e "Dossiê PT").

O Irice é presidido pelo ex-embaixador do Brasil em Washington Rubens Barbosa. E o Ranking é um site que classifica os congressistas com base em critérios como presença em sessões, projetos apresentados e ações na Justiça.

Há na organização da frente a preocupação de que o protagonismo não fique centrado no VPR, embora seja o mais conhecido —tem 1,6 milhão de seguidores no Facebook, rede que será usada para propagar os candidatos apoiados.

A liga de organizações busca a entrada de mais movimentos. A Folha apurou que a forte vinculação do VPR ao impeachment, no entanto, tem sido um dos obstáculos nas sondagens. "Desconheço. Pelo menos ninguém que procuramos usou isso como justificativa", diz Chequer.

SEM ETIQUETA

A agenda à qual os candidatos validados pela frente terão que jurar fidelidade se baseia em pilares para tornar a sociedade mais "justa, íntegra, sustentável e igualitária", segundo as lideranças.

São propostas como gestão eficiente do Estado, responsabilidade fiscal, redução da desigualdade, combate à corrupção e respeito às liberdades individuais. "É uma agenda construída com muito cuidado para não ser nem de direita nem de esquerda", afirma Alexandre Ostrowiecki, do Ranking dos Políticos.

De acordo com ele, essa é uma "dicotomia já ultrapassada", mas há no plano assuntos que podem agradar à ala esquerdista, "como respeito às minorias", e outros num viés à direita, "pautas mais liberais, como redução de barreiras ao comércio exterior".

"O importante", completa Rubens Barbosa, "é 'no label', não colocar uma etiqueta. Liberal, antiliberal, esquerda, direita. Essa frente visa a defender o Brasil".

Segundo o diplomata, a cartilha prevê na área econômica a sequência das reformas previdenciária e trabalhista —"para eliminar as injustiças e desigualdades" e "aumentar a competitividade"— e a redução do papel do Estado.

Filiados de qualquer partido serão bem-vindos, de acordo com a frente, desde que assumam o compromisso com o programa. Até mesmo do PT, sigla combatida pelo VPR nas ruas e nas redes (são comuns postagens do grupo pedindo a prisão de Lula).

"Essa agenda não está alinhada com o aparelhamento feito nesse período [governos do PT]. Mas a gente não pode generalizar e dizer que todo mundo do partido faz parte desse processo", diz Chequer, que é colunista da Folha.

O apoio aos candidatos incluirá formação sobre os tópicos do programa e treinamentos para aperfeiçoar comunicação e uso de redes sociais. Não haverá financiamento de campanha, segundo a frente.


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