Cotado para disputar o governo de São Paulo no ano que vem, o secretário David Uip (Saúde) anunciou à Folha que não será candidato e apoia o senador José Serra (PSDB) para a missão.
Infectologista, já atendeu João Doria, Lula, Tancredo Neves e José Sarney (além de Naomi Campbell e Sharon Stone). Diz que conhece o governador Geraldo Alckmin (PSDB) "como médico" e não titubeia em apoiá-lo para presidente.
"Poria as minhas mãos no fogo por ele", disse em entrevista nesta terça (31), em sua sala na secretaria.
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Folha - Como está a sua candidatura ao governo de SP?
David Uip - Não sou candidato a governador. Não sou.
Por quê?
É conceitual. Acho que sou um bom médico, um bom secretário e um experiente gestor público. Cheguei ao cargo por conta de uma história construída. Ser candidato a governador é outra história. Primeiro, não me preparei para isso, me preparei para ser o que eu sou. Segundo, existe um grande equívoco em você demonizar quem está na fila.
Quem é demonizado?
Todo mundo fala que, na política, você precisa do novo, que político não presta. Não é assim! Eu convivo com uma porção de políticos de primeiríssima qualidade. Basta o indivíduo ser intitulado como político que ele estaria fora.
O sr. não quer ser demonizado por isso não é candidato?
Eu não me sinto preparado. Então você pergunta: quem está? No PSDB, tem alguns.
E já adiantando, você vai entender por que eu acho que o Alckmin não é o melhor candidato, é o único candidato a presidente. É conceitual. Esse cara foi vereador, foi prefeito, foi deputado estadual, constituinte, foi vice-governador e é governador há 22 anos.
Quem o sr. apoia para o governo?
O Serra. Não sei se vai ser ou não, mas é um grande gestor. Outros estão aparecendo e vão ter dificuldades.
O Luiz Felipe d'Avila?
O Luiz Felipe veio falar comigo. Tive ótima impressão, mas passa por esse problema. Ele não viveu essa história crescente. O [Floriano] Pesaro é uma ótima pessoa e ótimo candidato, mas ainda tem um caminho a cursar.
E o Doria?
É meu grande amigo. Ele é fundamental no processo de prefeito, no processo de recompor o PSDB, porque é hoje uma grande liderança, e no processo de viabilizar Alckmin para presidente. E eu acho que o Doria vai fazer isso.
Como viu os gestos do Doria no sentido de se candidatar?
Pois é, esses gestos podem ser vistos de algumas formas. Eu estou querendo ver do meu jeito, esse é meu jeito de ver. Prefeito da cidade de São Paulo, terceiro Orçamento do país, que manda em uma ala do PSDB e que tem o Alckmin como candidato a presidente.
O PSDB no governo Temer é ruim para o Alckmin?
A minha opinião é que o PSDB podia fazer parte das boas causas do governo, e não participar do governo. Sou absolutamente contra, desde lá atrás, o PSDB ter ministros.
O que acha de Aécio Neves não ter renunciado ao comando do PSDB?
Difícil, né? Vamos esperar para ver o que vai dar. Acho que devia ter saído, até para que tenha possibilidade de se defender. Confio que conseguirá esclarecer essa história.
O presidente Temer será marcado pelo que no futuro?
Se conseguir chegar a 2018, como o homem que conseguiu fazer uma transição muito difícil. [Pelas acusações na Lava Jato], ele vai responder. Tem o direito de se defender. Não entro no mérito da Justiça.
O mesmo argumento vale para Alckmin e Serra?
Serra eu conheço muito menos, nunca trabalhei diretamente com ele, embora o veja como um dos melhores gestores que já tivemos. Pelo Alckmin pessoa física, eu ponho a minha mão no fogo. É um homem extremamente honesto.
Qual é a sua opinião sobre o Corujão da Saúde?
São coisas que estão feitas e colocadas.
O sr. não teria feito?
Eu peguei uma situação muito diferente. Ele zerou a fila de exames e agora quer zerar a fila de consulta e cirurgia, começa a ser muito mais difícil. [Na prefeitura,] Doria está se adaptando, mas acho que vai fazer uma grande gestão ao longo dos quatro anos. Ele é preparado e dedicado.