Folha de S. Paulo


De olho em 2018, Alckmin tenta desfazer imagem de político 'frio'

A equipe de comunicação do governador Geraldo Alckmin (PSDB) reconhece internamente que um dos maiores problemas de marketing do tucano, senão o principal, é a imagem de político "frio" e "distante das pessoas".

Em conversas privadas, assessores elaboram estratégias para torná-lo um líder mais próximo do povo, com mensagens acessíveis e sem empolamento. Um auxiliar usou a gíria "tamo junto" para definir a linguagem ideal.

O tucano trabalha para viabilizar sua candidatura à Presidência no ano que vem.

Seus auxiliares propõem explorar em peças publicitárias do governo a gestão econômica do Estado como comprovação de sua capacidade para administrar o Brasil.

Acham necessário, no entanto, reforçar a ideia de que São Paulo não quer se isolar do resto do país com sua potência econômica nem se coloca como superior a outras regiões menos desenvolvidas.

Ao contrário, dizem os assessores, é preciso enfatizar a miscigenação presente no Estado, com a presença de pessoas e características de todas as regiões do país.

Com esse pano de fundo, Alckmin será apresentado como a grande liderança da "locomotiva nacional", um microcosmo brasileiro, projetando-o para a disputa presidencial. Será trabalhada a ideia de que o tucano é alguém que naturalmente está perto do povo, porque é simples como a população e tem costumes humildes similares.

HÁBITOS SIMPLES

A estratégia discutida recentemente está em sintonia com textos e vídeos veiculados no site que foi ao ar nesta semana para lançar a pré-campanha do governador paulista a presidente.

Na apresentação de sua biografia no site, Alckmin é definido como "uma pessoa de hábitos simples. Católico, herdou de seu pai sua fé e sua confiança nos valores humanos e religiosos".

Em um dos vídeos exibidos na página, o tucano é apresentado como "um cara próximo das pessoas". No depoimento, ele diz: "Adoro as pessoas, sinto falta das pessoas, gosto desse contato".

Já uma marca registrada de Alckmin, as paradas em botequins para tomar café depois de agendas públicas fora do Palácio dos Bandeirantes têm potencial para serem exploradas eleitoralmente.

"O cafezinho é para dar uma relaxada, ouve um pouco, bate um papo", diz o governador em vídeo. "Brinco com o Chiquinho [Pereira], que preside o Sindicado dos Padeiros de SP. Digo: 'Se disputar com você, sou capaz de ganhar, porque conheço mais padarias que você'."

Os marqueteiros ligados a Alckmin têm mostrado confiança em sua candidatura, em momento de desgaste do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), que, na avaliação deles, açodou-se ao buscar projeção.


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