Folha de S. Paulo


Cabral vai para presídio em que está líder do Comando Vermelho

Beto Barata/Folhapress
BRASÍLIA DF, BRASIL, 21-03-2014: BRASÍLIA DF, BRASIL, 21-03-2014: O Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, fala com jornalistas após reunião com a presidente Dilmano Palácio do Planalto para tratar sobre a violência no Rio de Janeiro. (Foto: Beto Barata/Folhapress, PODER)
O ex-governador Sérgio Cabral durante entrevista coletiva sobre violência no Rio de Janeiro

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) será transferido para o presídio federal de Campo Grande (MS), unidade em que está preso Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fú da Mineira, um dos líderes do Comando Vermelho no Estado.

Além dele, o presídio federal abriga outros nove criminosos fluminenses. A informação é da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Rio.

Fú está no presídio federal de Campo Grande (MS) desde 2015, quando foi preso pelo Bope (Batalhão de Operações Especiais). Ele é apontado como chefe do tráfico das favelas no Complexo do Lins, zona norte da cidade.

Lima é acusado de ter ordenado, da cadeia, ataques a delegacias e ônibus em 2009, durante a gestão Cabral. Ele soma 89 anos e dez meses de prisão de pena por duas condenações.

O Departamento Penitenciário Nacional (Depen), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, afirmou em nota nesta quinta (26) que vai transferir Cabral para a penitenciária federal de Campo Grande.

A data da mudança não foi confirmada "por questões de segurança".

Outro membro do CV em Campo Grande é Luís Cláudio Serrat Correa, conhecido como Claudinho CL. É apontado como chefe do tráfico de favelas da zona norte da cidade e suspeito de ter sido um dos executores do assassinato do tenente-coronel Roberto do Amaral Lourenço, então diretor de Bangu 3, em 2008 —também durante a gestão do peemedebista no Rio.

As normas dos presídios federais costumam ser mais rigorosas. Os detentos ficam 22 horas recolhidos em suas celas individuais, há proibição para a entrada de alimentos e objetos pessoais trazidos por familiares.

Na cadeia pública José Frederico Marques, o ex-governador divide cela com outros quatro detentos —a cela tem oito camas—, entre eles o ex-PM Flávio Mello dos Santos, acusado de auxiliar na fuga de traficantes da Rocinha. Pode também receber três sacolas com comida da família.

Cabral sairá do sistema penitenciário do Rio por ordem do juiz Marcelo Bretas, após citar familiares do magistrado durante interrogatório.

O ex-governador prestava depoimento na ação penal em que é acusado de comprar R$ 4,5 milhões em jóias na H. Stern para lavar dinheiro de propina. O peemedebista afirmou que seria "burrice" branquear recursos desta forma. Neste momento, Cabral mencionou a família de Bretas.

"Vossa Excelência tem um relativo conhecimento sobre o assunto porque sua família mexe com bijuterias", disse.

A defesa do ex-governador ainda aguarda o julgamento do habeas corpus pela 1ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal a fim de evitar a transferência. Na terça (24), o juiz federal Abel Gomes negou liminar para alterar a decisão de Bretas.

Gomes entendeu o tom do comentário como uma forma de constranger Bretas.


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