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Em vídeo, Temer diz que instituições foram 'testadas' e que 'verdade venceu'

Mateus Bonomi - 25.out.2017/Folhapress
Presidente Michel Temer recebe alta do Hospital Militar de Brasília
Presidente Michel Temer recebe alta do Hospital Militar de Brasília

Após ir ao hospital por problemas urológicos no mesmo dia em que conseguiu uma vitória magra na Câmara para sepultar a denúncia contra ele, Michel Temer gravou um vídeo em que diz que as instituições do país foram "testadas de forma dramática" mas, segundo o presidente, "a verdade venceu".

"O Brasil é sempre maior do que qualquer desafio e ficou ainda mais forte depois de ter suas instituições testadas de forma dramática nos últimos meses. No fim, a verdade venceu. Prevaleceram as garantias individuais e institucionais da nossa Constituição", disse Temer no vídeo divulgado em suas contas nas redes sociais.

O presidente também agradeceu aos 251 deputados que votaram com ele nesta quarta-feira (25) por "reafirmarem o compromisso" com seu governo.

Temer

Temer disse que, agora, enterradas as denúncias, "é hora de ter foco no que interessa", a retomada da economia, ressaltando dados que, para ele, foram "a maior obra" de seu governo, como a volta dos investimentos e do consumo e os baixos índices de inflação e juros.

"O trabalho venceu a recessão e a perseverança derrotou o medo", afirmou o peemedebista em uma reedição do slogan da vitória do ex-presidente Lula na campanha de 2002: "A esperança venceu o medo".

Segundo auxiliares de Temer, a peça também tem o objetivo de mostrar Temer bem disposto depois do susto de quarta.

O peemedebista sentiu um desconforto, segundo a assessoria, na manhã do dia em que a Câmara votou o prosseguimento da segunda denúncia contra ele –desta vez por obstrução da Justiça e organização criminosa– e precisou ir ao hospital, onde passou por um procedimento de desobstrução do canal da uretra, no qual foi sedado.

No início da tarde, o plenário da Casa foi tomado por tensão entre aliados e oposicionistas de Temer. Sem informações precisas sobre o que acontecia com o presidente, deputados confidenciaram em reservado que esperavam o pior.

SAÚDE

Temer foi diagnosticado com obstrução parcial da artéria coronariana nas últimas semanas, mas o problema desta quarta não tem relação com isso, segundo os médicos.

Nesta sexta-feira (27), o presidente deve viajar a São Paulo para, no sábado (28), fazer novos exames no hospital Sírio-Libanês, onde atende a equipe de seu médico, Roberto Kalil Filho.

Segundo auxiliares, porém, o acompanhamento do fim de semana será apenas urológico, sem nenhum tipo de exame ou procedimento cardíaco.

Nesta quinta, o peemedebista despachou com alguns assessores e deve cumprir agenda no Palácio do Planalto na parte da tarde.

Em sua conta no Twitter, Temer escreveu ainda que, apesar da recomendação médica por repouso, havia "muito o que fazer".

"Agradeço aos militares da equipe médica e integrantes do HMAB, pela dedicação e atenção que tiveram enquanto estive no hospital", escreveu o presidente.

"Os médicos me recomendaram desacelerar, mas temos muito o que fazer. Já estou no Planalto, cumprindo agenda. Vamos em frente", completou.

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PASSADO, PRESENTE E FUTURO

VITÓRIA MENOR

O placar de 251 dos 513 deputados desta quarta mostrou que a base aliada a Temer diminuiu e que o presidente não controla mais nem mesmo metade da Câmara.

Ministros e líderes governistas trabalhavam para que a vitória de Temer fosse igual ou maior que a de agosto, quando o peemedebista sepultou a primeira denúncia contra ele com 263 votos.

Mas Temer não conseguiu o feito mesmo com a liberação de cargos e emendas, além de atender a pleitos históricos da numerosa e poderosa bancada ruralista, que emplacou, entre outras medidas, regras que dificultam a demarcação de terras indígenas, facilitam renegociação de dívidas rurais, enfraquecem a proteção ambiental e o combate ao trabalho escravo.

A ideia do presidente no "day-after" é tentar fazer avançar no Congresso sua agenda econômica mas, sem grande força legislativa, terá de duelar pela condução da pauta com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que saiu ligeiramente fortalecido com a vitória mais magra de Temer.

"Faremos ainda mais, com a ajuda do Congresso e, principalmente, com a ajuda de todos os brasileiros", declarou Temer no vídeo.

O presidente terá de reorganizar sua base. O Planalto ameaçou punir os parlamentares aliados que votassem contra Temer mas, diante do número de dissidentes –em partidos como o próprio PMDB, o DEM e o PSDB– terá que refazer o cálculo.

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Os desafios de Michel Temer

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