Folha de S. Paulo


Eleitores de Bolsonaro fazem mais um protesto contra Lula em caravana

Apoiadores do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), pré-candidato a presidente em 2018, fizeram na noite desta terça-feira (24) mais um ato de protesto contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com camisetas com a imagem do político, cerca de 50 eleitores de Bolsonaro ocuparam a lateral do palco onde o petista participava de ato pela educação, durante a passagem da caravana de Lula por Teófilo Otoni (MG).

Eles gritam expressões como "eu vim de graça" e "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão".

A menos de 10 m de distância, militantes petistas respondiam com gritos de guerra como "Lula, guerreiro, do povo brasileiro".

Na praça Tiradentes, cerca de mil militantes petistas participam do ato. Houve princípio de tumulto, debelado pela PM mineira.

No início da tarde, um grupo de 20 eleitores de Bolsonaro esperou por Lula à margem do rio Doce, na cidade de Governador Valadares. Lula driblou o grupo, acessando o ato por uma rua localizada ao fundo do palanque.

Em resposta, Lula chamou os manifestantes de "coxinhas". Ao assumir o microfone e perceber que sua voz era suplantada pelo som dos manifestantes, Lula brincou: "Parece que os coxinhas de Teófoli Otoni mexeram no microfone. Mas agora eu vou falar".

De cima do palco, dirigentes petistas mudaram as caixas de som para evitar que captassem as vaias de fora. O prefeito da cidade, Daniel Sucupira (PT), pediu que Lula recuasse no palanque para sair do campo de visão dos manifestantes.

Sobre o palanque, ouvindo a balbúrdia a cerca de 20 m dali, Lula chamou três vezes os opositores de coxinhas.

"O que acho engraçado é que muitos coxinhas comiam mortadela e arrotavam peru. No meu governo, aprenderam a comer peru, carne de primeira. Não quero que sejam agradecidos. Só quero que tomem vergonha na cara porque eles derrotaram a Dilma e olha o que eles colocaram no lugar", afirmou.

Ao discursar sobre educação, Lula atribuiu informações a reportagens da Folha para exemplificar o mau emprego dos recursos públicos e acusar o presidente Michel Temer (PMDB) de "comprar deputados" para votarem a favor dele nas denúncias na Câmara dos Deputados.

"A Folha já publicou duas vezes que na primeira votação da Câmara, para não cassar o Temer, ele gastou R$ 14 bilhões para comprar deputado. Hoje, uma matéria diz que vai gastar R$ 12 bilhões", disse Lula. E concluiu: "Agora, R$ 14 bilhões com R$ 12 bilhões, são R$ 26 bilhões. Daria para resolver o problema da educação. O que é melhor para o país? Investir em educação ou comprar deputado?".

Mais uma vez, Lula desafiou os agentes responsáveis pela Operação Lava Jato a enfrentá-lo nas urnas. Sugeriu que não usem subterfúgios para impedi-lo de concorrer.

"Que seja candidato o chefe do Ministério Público, que seja candidato o doutor [Sergio] Moro, que sejam candidatos os delegados da Polícia Federal. Que seja quem eles quiserem. Acatarei o resultado."

Segundo estimativa da polícia mineira, 2.400 militantes participaram do ato.


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