Folha de S. Paulo


Mostra em SP com fotos de senadores retrata questões sociais do país

Foram cinco dias observando e retratando senadores da República. No início deste ano, a artista Sofia Borges fez a imersão que resultou nas imagens da galeria acima, hoje expostas na mostra "Corpo a Corpo", em cartaz na nova sede do Instituto Moreira Salles, na avenida Paulista.

Uma mão no antebraço do colega, um tapinha nas costas, o roçar de ternos. Os retratos, reunidos sob o título de "A Máscara, o Gesto e o Papel", não revelam de imediato o universo em questão.

Uma vez reconhecido que têm foco em figuras políticas, cabe ao espectador questionar-se sobre a natureza dos gestos captados. Expressão genuína de afeto ou teatro? Quais interesses contidos ali?

A mesma série de Borges também fotografa pinturas de senadores. Parece redundante, mas não é.

A artista percorreu uma galeria de telas que retratam presidentes da Casa. Fez ali fotos que seccionam detalhes desses quadros (as bocas, sobretudo). Para o curador da mostra, Thyago Nogueira, nos dois casos, o que está sendo retratado não é propriamente o indivíduo, mas sim a expressão de uma representação.

A pesquisa partiu de uma outra questão central de "Corpo a Corpo", que traz também criações de Bárbara Wagner, Letícia Ramos e Jonathas de Andrade e dos coletivos Garapa e Mídia Ninja. O que atravessa o conjunto de trabalhos são os jogos criados por contatos físicos de naturezas diversas.

Pode ser a pantomima das figuras que atuam como representantes do povo, mas também vale pensar nas relações estabelecidas entre os próprios artistas e aqueles que são por eles retratados.

Este último caso ganha volume no trabalho do grupo de jornalistas Mídia Ninja, que se notabilizou a partir das manifestações de junho de 2013 pela agilidade na captação e exibição de imagens, bem como o uso das redes sociais e de celulares em suas coberturas.

As imagens são exibidas em televisores colocados na horizontal e na vertical e, pelo tamanho das telas, perdem definição.

Ligada a câmera, os atores de protestos diversos modificam a forma de atuar, conscientes de que terão suas imagens exibidas em suporte específico.

Nogueira faz essa observação também quando cita os trabalhos de Bárbara Wagner, que são retratos de MCs, os mestres de cerimônia do funk. Do centro político à periferia das manifestações culturais, "Corpo a Corpo" cria um tabuleiro de atuações.

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  • CORPO A CORPO
  • quando ter. a dom., das 10h às 20h; qui., das 10h às 22h; feriados (exceto seg.), das 10h às 20h
  • onde Instituto Moreira Salles (av. Paulista, 2.424)
  • quanto grátis

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