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Governo promete cargos ao centrão antes da decisão sobre denúncia

Mateus Bonomi/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 18-10-2017, 17h30: Sessao da CCJ da Camara nesta terça feira, 18 de Outubro, com a presença de Eduardo Carnelós, Advogado de Michel Temer,Bonifácio de Andrada, Relator da CCJ, e Rodrigo Pacheco, Presidente da CCJ. (Foto: Mateus Bonomi/Folhapress, PODER)
Deputados da CCJ erguem cartazes contra Temer na sessão que aprovou relatório a favor do presidente

O governo Michel Temer vai liberar dezenas de cargos para deputados de partidos como PP, PR, PTB e PRB para conter ameaças de rebelião às vésperas da votação da segunda denúncia contra o presidente no plenário na Câmara.

O Palácio do Planalto começou a destravar indicações dessas siglas que estavam represadas devido à demora no processo de análise dos nomes escolhidos para esses postos. O atraso nas nomeações provocava mal-estar entre o governo e esses partidos, especialmente depois que eles ajudaram a barrar a primeira denúncia contra o presidente, em agosto.

Líderes dessas siglas —que integram o chamado centrão— levaram ao Planalto, nas últimas semanas, ameaças de deserção em suas bancadas na votação que deve ocorrer na próxima semana. Para evitar riscos e conter a rebelião, o governo prometeu liberar a maior parte dos cargos até lá.

Algumas nomeações já foram publicadas em portarias internas de cada instituição. Outras devem ser encaminhadas nos próximos dias. Deputados serão contemplados com postos regionais em órgãos como Banco do Nordeste e Ibama, entre outros.

Os caciques das siglas do centrão procuraram o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) para traçar o mapa de nomeações travadas e obtiveram do auxiliar de Temer a promessa de liberação.

O Planalto conseguiu, por exemplo, aplacar a insatisfação de deputados do PP da Bahia que reclamavam da demora na nomeação de seus indicados.

Três líderes partidários disseram à Folha, em caráter reservado, que o movimento do governo saciou os deputados e reduziu o risco para Temer na votação da segunda denúncia. Eles consideram que as deserções em suas bancadas devem ser pontuais.

Em agosto, a Câmara barrou a denúncia por corrupção passiva contra Temer por 263 votos a 227.

O destravamento das nomeações diminuiu também a pressão desses partidos pela demissão do articulador político do Planalto, Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo). A insatisfação das siglas com o ministro continua, mas o centrão acredita ter aberto um canal para despachar suas demandas também com o chefe da Casa Civil.

REFIS

Com o objetivo de conter o mal-estar com a base aliada, o Planalto também prometeu incluir os líderes partidários nas negociações sobre os vetos que serão aplicados à proposta do programa de refinanciamento de dívidas tributárias do governo, o Refis.

O governo deve vetar parte das alterações feitas no texto pelo Congresso, mas enfrenta pressão dos congressistas para manter a maior parte dos benefícios incluídos por eles na medida provisória que criou o programa.

O presidente prometeu discutir pessoalmente com a Câmara os trechos que devem ser vetados. O Ministério da Fazenda recomendou que pelo menos seis trechos sejam retirados do texto.

Governistas querem concluir as discussões sobre o assunto nesta semana. Eles acreditam que podem oferecer apoio a Temer na votação em troca de uma postura mais benevolente do Planalto.

Editoria de Arte/Folhapress
O caminho da denúncia contra Temer

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