Folha de S. Paulo


Relembre trechos dos diálogos entre Aécio e Joesley

Relembre trechos dos diálogos entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o empresário Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, que levaram ao afastamento do tucano do Senado.

Aécio fala com o empresário sobre os rumos da Lava Jato e cogita maneiras de deter a operação. Joesley gravava a conversa sem que o senador mineiro soubesse.

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Veja os trechos dos diálogos

Aécio Neves - Esses vazamentos, essa porra toda, é uma ilegalidade
Joesley - Não vai parar com essa merda?

Aécio - Cara, nós tamos vendo (...) Primeiro temos dois caras frágeis pra caralho nessa história é o Eunício [Oliveira, presidente do Senado] e o Rodrigo [Maia, presidente da Câmara], o Rodrigo especialmente também, tinha que dar uma apertada nele que nós tamos vendo o texto (...) na terça-feira.
Joesley - Texto do quê?

Aécio - Não... São duas coisas, primeiro cortar o pra trás (...) de quem doa e de quem recebeu.
Joesley - E de quem recebeu.

Aécio - Tudo. Acabar com tudo esses crimes de falsidade ideológica, papapá, que é que na, na, na mão [dupla], texto pronto nãnã. O Eunício afirmando que tá com colhão pra votar, nós tamo (sic). Porque o negócio agora não dá para ser mais na surdina, tem que ser o seguinte: todo mundo assinar, o PSDB vai assinar, o PT vai assinar, o PMDB vai assinar, tá montada. A ideia é votar na... Porque o Rodrigo devolveu aquela tal das Dez Medidas, a gente vai votar naquelas dez... Naquela merda das Dez Medidas toda essa porra. O que eu tô sentindo? Trabalhando nisso igual um louco.
Joesley - Lógico.

Aécio - O Rodrigo enquanto não chega nele essa merda direto, né?
Joesley - Todo mundo fica com essa. Não...

Aécio - E, meio de lado, não, meio de leve, meio de raspão, né, não vou morrer. O cara, cê tinha que mandar um, um, cê tem ajudado esses caras pra caralho, tinha que mandar um recado pro Rodrigo, alguém seu, tem que votar essa merda de qualquer maneira, assustar um pouco, eu tô assustando ele, entendeu? Se falar coisa sua aí... forte. Não que isso? Resolvido isso tem que entrar no abuso de autoridade... O que esse Congresso tem que fazer. Agora tá uma zona por quê? O Eunício não é o Renan.
Joesley - Já andaram batendo no Eunício aí, né? Já andaram batendo nas coisas do Eunício, negócio da empresa dele, não sei o quê.

Aécio - Ontem até... Eu voltei com o Michel ontem, só eu e o Michel, pra saber também se o cara vai bancar, entendeu? Diz que banca, porque tem que sancionar essa merda, imagina bota cara.
Joesley - E aí ele chega lá e amarela.

Aécio - Aí o povo vai pra rua e ele amarela. Apesar que a turma no torno dele, o Moreira [Franco], esse povo, o próprio [Eliseu] Padilha não vai deixar escapulir. Então chegando finalmente a porra do texto, tá na mão do Eunício.

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Aécio então reclama da nomeação do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, a quem ele chama de "um bosta de um caralho". O senador queria mudanças na Polícia Federal.

Joesley - Esse é bom?
Aécio - Tá na cadeira (...). O ministro é um bosta de um caralho, que não dá um alô, peba, está passando mal de saúde pede pra sair. Michel tá doido. Veio só eu e ele ontem de São Paulo, mandou um cara lá no Osmar Serraglio, porque ele errou de novo de nomear essa porra desse (...). Porque aí mexia na PF. O que que vai acontecer agora? Vai vim um inquérito de uma porrada de gente, caralho, eles são tão bunda mole que eles não (têm) o cara que vai distribuir os inquéritos para o delegado. Você tem lá cem, sei lá, 2.000 delegados da Polícia Federal. Você tem que escolher dez caras, né?, do Moreira, que interessa a ele vai pro João.

Joesley - Pro João.
Aécio - É. O Aécio vai pro Zé (...)

inteligível

Aécio - Tem que tirar esse cara.
Joesley - É, pô. Esse cara já era. Tá doido.

Aécio - E o motivo igual a esse?
Joesley - Claro. Criou o clima.

Aécio - É ele próprio já estava até preparado para sair.
Joesley - Claro. Criou o clima.

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Em outro trecho da conversa, o tucano e o empresário combinam a entrega do dinheiro. Aécio afirmou que mandaria para receber a quantia alguém da sua confiança.

Aécio - Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho.

Fred é o apelido de Frederico Pacheco de Medeiros, primo do senador e ex-diretor da Cemig. Ele foi um dos coordenadores da campanha presidencial do tucano, em 2014.

O diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud, foi quem levou o dinheiro destinado a Aécio, segundo Joesley. Foram quatro entregas de R$ 500 mil cada uma.

Veja na íntegra os vídeos das delações dos executivos da JBS.


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