Folha de S. Paulo


Nos EUA, Bolsonaro se apresenta como 'ponto de inflexão' para o Brasil

O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se apresentou à comunidade brasileira na Flórida (EUA) como a única alternativa para uma mudança de rumo no destino do Brasil.

Falando para uma plateia de aproximadamente 300 brasileiros em uma churrascaria de Deerfield Beach, cidade a uma hora ao norte de Miami, Bolsonaro disse que vai trabalhar para tirar do poder políticos do PT e outros acusados de corrupção.

"Alguém tem que buscar um ponto de inflexão na política brasileira e começar a mudar. Se é para fazer a mesma coisa de antes, estou fora, disse.

Acompanhado pelos filhos Eduardo, Flávio e Carlos, o deputado foi recebido aos gritos de "mito" por pessoas que esperaram até duas horas para entrar no restaurante, onde cadeiras dobráveis haviam sido colocadas no lugar das mesas. Pelo menos cem pessoas aguardaram em uma lista de espera para tentar ouvir o presidenciável.

No palco, na frente da projeção de uma grande bandeira brasileira em um telão, Bolsonaro cantou o Hino Nacional no início da uma palestra que começou com atraso de 40 minutos.

"Ele disse que vai ficar aqui até as duas da manhã para conversar com todos vocês", disse o filho Flávio no início do evento.

BANDEIRA

Gessi Cardoso, médica aposentada de 76 anos que vive na Flórida há 23 anos, foi uma das primeiras a entrar no local, junto com duas amigas que agitavam uma grande bandeira do Brasil.

"Eu passei um mês de férias agora no Rio e não acreditei como chegamos ao fundo do poço. Eu quero voltar ao Brasil de antigamente, onde a honestidade e o trabalho eram valorizados, e acho que ele é a única solução", declarou.

Bolsonaro disse que tem viajado pelo Brasil para conhecer os problemas da população de perto, o que o ajudará a criar um plano de governo. O pré-candidato repetiu diversas vezes que a grande ameaça ao Brasil é o PT e o socialismo, que não permitem que o país cresça de verdade.

Na economia, ele disse que pretende reduzir a carga tributária, que considera pesada demais para os empresários.

ECONOMIA

"A imprensa fica falando que eu não entendo nada de economia, mas pelo que eu sei o Ronald Regan também não entendia e foi um dos melhores presidentes americanos", disse. "O Lula também não sabia de economia, mas ele pegou o mundo com preços altíssimos das commodities. E a Dilma era economista", falou em meio a risos da plateia.

"Os economistas que estão comigo dizem que a equipe que está hoje no Banco Central é muito boa, mas a da Fazenda, com o Henrique Meirelles, não. Afinal de contas, aquela dupla de açougueiros goianos, o Joesley e o Wesley Batista, só conseguiram entrar no BNDES para pegar empréstimos bilionários porque estava no conselho da Friboi o senhor Henrique Meirelles naquela época. É o tal do lobby, bota o cara para abir portas. E a Lava Jato vai chegar no Meirelles. Se não chegar, tem algo errado ali.''

Bolsonaro é o segundo colocado em pesquisas de intenção de voto na disputa presidencial de 2018, empatado tecnicamente com Marina Silva. Ele iniciou no domingo uma viagem de uma semana pelos Estados Unidos com uma agenda de encontros com a comunidade brasilera, políticos e empresários.

O deputado viaja na segunda-feira (9) para Boston, onde dará uma entrevista à imprensa à tarde; na terça, terá reuniões com investidores e mais encontros com brasileiros. Em Nova York, visitará o presídio Rikers Island, o maior complexo penitenciário da região, e se encontrará com investidores institucionais em evento organizado pela corretora XP. Na sexta, Bolsonaro passará o dia em Washington, com uma visita a George Washington University na agenda.

COMÉRCIO EXTERIOR

O pré-candidato disse que em matéria de comércio exterior, gostaria que o Brasil se aproximasse mais dos Estados Unidos, e que a corrente de comércio fosse maior do que com a China.

"Com 13 anos de PT, o comércio no Brasil foi pautado pela questão ideológica, pelo Mercosul e a grande máfia bolivariana", afirmou.

Depois da palestra, Bolsonaro foi cercado por dezenas de brasileiros que queriam tirar selfies com o presidenciável.

Marcius Rivas, instrutor de tiro na academia Eagle Squad Training Corp, viajou de Orlando até Deerfield Beach para conhecer Bolsonaro. Residente da Flórida há quatro anos, Rivas disse que Bolsonaro está conquistando apoiadores no Brasil e nos Estados Unidos por que é o único candidato honesto e com a ficha limpa.

"O que os brasileiros querem é um presidente que faça o seu trabalho corretamente, com dignidade e respeito aos eleitores. É somente isso, uma pessoa que faça o seu trabalho direito."


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