Desde que se juntou à lista dos que sonham com a cadeira onde hoje senta Michel Temer, Valéria Monteiro, 52, viu seu nome saltar do limbo das celebridades dos anos 1990 para a política.
Faz pouco mais de uma semana que a ex-apresentadora do "Jornal Nacional" e de outros telejornais da TV Globo postou um vídeo no YouTube. De blazer escuro, num cenário de penumbra com a bandeira do Brasil ao fundo, revelou: quer ser presidente.
Não parou mais de receber perguntas nas redes sociais. Para muitas das questões, a moradora de Campinas –cidade onde se fixou em 2002 após nove anos nos EUA– ainda não tem respostas.
Por qual partido? Com apoio de quem? Com que dinheiro? E quais propostas?
"Quero fazer tudo diferente", resume ela à Folha. Diz que conversa com várias siglas e espera encontrar uma que lhe dê espaço sem tirar sua "independência". Não cita nomes. "São partidos mais de centro para esquerda. Acho que sou mais à esquerda, mais humanista, ou esquerda light, como quiser."
Também acompanha a discussão em curso no Supremo Tribunal Federal sobre a permissão para candidaturas avulsas. Se a proposta passar, a jornalista poderá pôr seu nome na urna sem estar filiada.
Valéria diz que sua campanha seria financiada via doações pela internet e que, para elaborar sua plataforma, centrada na "redução da desigualdade social", vai se cercar de "pessoas especializadas".
Foi por não vislumbrar um pré-candidato a presidente em quem ela mesma pudesse votar que Valéria decidiu entrar no jogo. Para ela, o concorrente não deve ter no currículo mandato ou função pública.
"Nunca tive cargo público e me considero uma pessoa comum, a não ser pelo fato de um dia ter sido bem famosa." No "Jornal Hoje", dividiu a bancada com Cláudia Cruz, agora mais conhecida como mulher do ex-deputado preso Eduardo Cunha. "Uma vez a reencontrei casualmente, depois nunca mais a vi", diz Valéria.
No passado ficou também a admiração por líderes como Lula, Fernando Henrique Cardoso e José Serra. Deste, esteve perto em 2002: foi apresentadora do seu programa de TV na campanha presidencial.
"Sem querer ofendê-la, mas essa aventura não faz sentido", diz o marqueteiro Nelson Biondi, que a contratou para o horário eleitoral de Serra e sugere à jornalista uma pesquisa de opinião "para ver que ela não teria a menor chance".