Folha de S. Paulo


Fundo com apoio de Huck e Abilio dará R$ 5.000 para novos candidatos

Keiny Andrade - 30.jun.2017/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 30.06.2017 - Retrato de Eduardo Mufarej, presidente da Somos Educação, voltada a ensino fundamental, sistemas didáticos e editoras. Coluna Mercado Aberto (Foto: Keiny Andrade/Folhapress)
O empresário Eduardo Mufarej, que está criando o Renova, fundo para bancar novos candidatos

O fundo que está sendo criado por empresários para bancar a formação de novos candidatos para as eleições do ano que vem prevê bolsas mensais de R$ 5.000 para os selecionados. O valor exato será estabelecido nas próximas semanas.

Oficialmente chamado de RenovaBR (Fundo Cívico para a Renovação Política), o projeto é uma iniciativa do executivo Eduardo Mufarej, que tem relatado em encontros já contar com a disposição de colaboradores como o apresentador Luciano Huck, o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, o publicitário Nizan Guanaes, o empresário Abilio Diniz e o ex-técnico de vôlei Bernardinho.

Os apoiadores fariam doações ao grupo, que usaria o dinheiro para oferecer cursos de formação a interessados em disputar cargos públicos. O objetivo é selecionar 150 pessoas que tenham perfil de liderança e queiram se candidatar.

Mufarej, que é sócio da Tarpon Investimentos e presidente da Somos Educação, foi um dos fundadores do Partido Novo e também faz parte do CLP (Centro de Liderança Pública).

O empresário já apresentou a ideia a partidos com o próprio Novo e a Rede e tem marcado conversas com movimentos que também buscam atrair novos nomes para a política.

Nesses diálogos, Mufarej explica que o fundo será apartidário, que sua intenção é contribuir para a renovação no setor público e que, até agora, só ele mesmo investiu na empreitada.

O lançamento oficial está previsto para a semana que vem, com um cronograma até outubro de 2018.

Um documento que resume os objetivos do Renova, ao qual a Folha teve acesso, lista pilares com os quais os candidatos apoiados deverão se comprometer.

São eles: "combate irrestrito à corrupção", "gestão fiscal responsável", "priorização do cidadão em detrimento da máquina pública", "políticas sociais que eliminem a desigualdade de acesso à educação, saúde e segurança de qualidade", "respeito às liberdades individuais" e "gestão sustentável dos recursos naturais".

'POLÍTICA FALIU'

Os bolsistas serão selecionados pelo Renova até dezembro. Quem for escolhido terá apoio integral para se preparar para a disputa nos meses seguintes. Fará cursos de gestão pública e receberá a bolsa estimada em R$ 5.000.

Para essas aulas, a intenção é contar com parceiros como o CLP e a Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), uma incubadora de "start ups" políticas criada por um dos fundadores da Natura, Guilherme Leal —que foi candidato a vice de Marina Silva em 2010.

A estimativa é que o gasto mensal com cada bolsista, somados os valores com ajuda de custo e formação, será de R$ 8.000.

De acordo com o fundo, o futuro candidato não terá a necessidade de trabalhar durante os meses anteriores à eleição, já que terá a bolsa para se manter.

Pelo planejamento, os alunos terão aulas sobre temas como política, comunicação e "desafios do Brasil".

Serão atendidos candidatos ao Legislativo, com prioridade para o Congresso Nacional, mas sem deixar de lado as assembleias dos Estados.

Mufarej tem insistido no discurso de que o movimento vai muito além de um fundo: é um projeto amplo de preparação de líderes, que buscará diversidade em seus quadros.

Posições radicais não serão contempladas —defensores de intervenção militar, por exemplo, estão fora.

No programa, a iniciativa é classificada como "uma estrutura de apoio para selecionar, treinar e impulsionar novas lideranças políticas".

A apresentação exibida pelo empresário nos encontros sobre o Renova diz que "a política brasileira faliu" e "enfrenta uma profunda crise de credibilidade e representatividade".

FINANCIAMENTO DE CAMPANHA

A organização ainda discute como será criado juridicamente o Renova, mas a tendência é que ele seja registrado como um instituto, que receberia as doações dos financiadores.

O movimento não acena com a possibilidade de financiar as campanhas eleitorais propriamente ditas, o que poderia gerar questionamentos —a lei hoje proíbe doações empresariais.

As contribuições para o fundo serão via pessoa física, segundo as informações de Mufarej a interlocutores. Na campanha, cada contribuinte estará livre para apoiar ou não qualquer candidato, dentro das regras.

O fundo também irá monitorar os bolsistas que se elegerem durante o mandato deles no Congresso e nos Estados.


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