Folha de S. Paulo


PT estuda lançar Celso Amorim ao governo do Rio

Hector Retamal/AFP
Celso Amorim, chief of mission of the Electoral Observation of the OAS, speaks during a press conference in the commune of Petion Ville, Port au-Prince, on October 26, 2015. Haiti celebrated peaceful elections with robust turnout as the poorest country in the Americas seeks to shed chronic political instability and get back on its feet. AFP PHOTO / HECTOR RETAMAL ORG XMIT: HR2728
O ex-ministro da Defesa Celso Amorim

O PT está prestes a lançar um diplomata para a disputa pelo governo do Rio: o ex-ministro da Defesa e das Relações Exteriores Celso Amorim. A pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Amorim, antes resistente, está sucumbindo aos apelos para que concorra ao Palácio Guanabara.

Amigo de Lula, Amorim participou de uma reunião no início deste mês com o presidente estadual do PT, Washington Quaquá, e com o senador Lindbergh Farias para discutir a estratégia do partido no Estado que é hoje palco de grave crise financeira e institucional.

Segundo Quaquá, Amorim "está disposto a construir uma alternativa". À Folha, o ex-ministro não quis comentar a hipótese. Outro nome à mesa é do próprio Quaquá.

"Se tivermos uma campanha mais ampla, com mais alianças, o Celso Amorim é melhor que eu. Se for uma campanha mais estreita do ponto de vista das alianças e precisar de um candidato de confronto, tenho esse perfil", diz o presidente do PT do Rio.

Além da torcida para que concorra ao governo ou ao Senado, dirigentes do PT não descartam nem sequer o nome de Amorim para a Presidência da República, caso Lula seja impedido de concorrer por decisão judicial.

Como a busca de alternativas a Lula é tabu dentro do PT, sob pena de prejudicar a estratégia de defesa do ex-presidente, a análise de outros nomes tem sido coberta de cuidados.

"Para mim, só há um candidato à Presidência, que é o Lula", afirma Amorim.

Quaquá também diz que o "PT não discute alternativas a Lula". Para ele, o debate atende à "agenda do adversário".

Quaquá, no entanto, chama de infantilidade a defesa de boicote às eleições.

CENÁRIO

Na manhã de quarta-feira (27), integrantes da CNB (Construindo um Novo Brasil), maior corrente interna do PT, se reuniram no centro de São Paulo para uma avaliação do cenário político. O ex-presidente do PT José Genoíno, condenado no escândalo do mensalão, frisou que não existe "plano B, C, D, E" para o partido.

Segundo relato de um dos presentes, Genoino repetiu a linha do "eleição sem Lula é golpe". Foi, no entanto, confrontado por um dos participantes sobre o rumo que o partido adotaria caso Lula seja realmente proibido de disputar. O partido ainda não tem resposta.

Ainda segundo relatos, Genoino se disse um "prisioneiro em sua casa", contando que, por sofrer hostilidade até mesmo no supermercado, não sai sozinho.

O ex-deputado disse que estaria disposto a participar de mais reuniões partidárias, desde que um motorista vá buscá-lo em casa e o leve de volta.


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