Folha de S. Paulo


Impasses no PSDB e PT afetam xadrez eleitoral em São Paulo

Jorge Araujo - 13.set.2017/Folhapress
São Paulo SP Brasil 13 09 2017 PODER Congresso Brasil Competitivo 2017 com tema economia digital, no Hotel Unique, em São Paulo (SP), os ministros da Saúde, Ricardo Barros, da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, da Integração Nacional, Helder Barbalho, o prefeito de São Paulo, João Doria e os governadores Geraldo Alckmin (SP), Paulo Hartung (ES) e Paulo Câmara (PE)..PODER foto Jorge Araujo Folhapress 703
João Doria e Geraldo Alckmin em evento em São Paulo

A indefinição das campanhas presidenciais do PSDB e do PT embaralha o xadrez eleitoral no Estado de São Paulo. Os dois partidos trabalham para decidir seus candidatos, e seus principais aliados monitoram o cenário para bater o martelo sobre quem lançarão ou apoiarão ao governo paulista e ao Senado.

No campo do PSDB, o rumo do prefeito paulistano, João Doria, é decisivo. Caso não saia candidato a presidente, mudará de partido? Disputará o governo? Com essas perguntas em mente, DEM, PSD e PSB rascunham estratégias.

As três legendas têm nomes para lançar à sucessão de Geraldo Alckmin (PSDB): o secretário Rodrigo Garcia (Habitação), o ministro Gilberto Kassab (Comunicações) e o vice-governador paulista, Márcio França, respectivamente.

Garcia pediu o apoio do PSDB em jantar na casa de Doria na semana passada, mas líderes do DEM admitem que podem abrir mão da cabeça de chapa se o prefeito decidir disputar o governo.

A conta é similar à de Kassab, com personagens distintos. Segundo aliados do ministro, ele estaria disposto a negociar a vice, em vez de se lançar candidato a governador, se o senador José Serra (PSDB), seu amigo, concorrer.

Outra opção seria apoiar o PSDB e se coligar para disputar na chapa o Senado. As conversas com o PMDB nesse sentido estão encaminhadas. A legenda pretende lançar Marta Suplicy à reeleição no Senado e Paulo Skaf ao governo. Mas, internamente, espera-se a definição nacional.

"Está todo mundo conversando e ninguém se entendendo", diz o ex-governador Luiz Antônio Fleury (PMDB).

O caso de França é particular. Se Alckmin renunciar para disputar a eleição, o vice assumirá. Nesse caso, só poderá se lançar à reeleição, e ele já admite que o fará.

Mesmo que para isso não conte com o apoio do PSDB. Isso porque já há três pré-candidatos tucanos: o cientista político Luiz Felipe d'Avila e os secretários estaduais Floriano Pesaro (Desenvolvimento Social) e David Uip (Saúde).

A incerteza no PSDB se estende à vaga no Senado. Aloysio Nunes disputaria a reeleição, mas seus aliados não descartam a hipótese de Alckmin obter a vaga caso Doria saia candidato a presidente.

COM OU SEM LULA

No PT, é a incerteza sobre a candidatura de Lula que lança dúvidas sobre os rumos do partido. O ex-prefeito Fernando Haddad, tido como "plano B" petista caso o ex-presidente seja condenado, sairia do cenário estadual caso fosse escalado para tentar a Presidência. Seu nome é lembrado tanto para o governo quanto para o Senado.

A hipótese não é admitida publicamente, já que o discurso dos petistas é o de que Lula é o candidato até não poder mais ser, ou seja, só deixa a disputa se for impedido judicialmente. Isso ocorreria caso a segunda instância confirme a sua condenação.

Até agora, o único interessado a sair para governador que se movimenta é Luiz Marinho, presidente estadual do partido. Ex-prefeito de São Bernardo do Campo, ele já se colocou internamente.

A Rede espera a definição do PSDB para ver se terá coligação no Estado, já que a possível reorganização dos aliados tucanos pode fazer com que a sigla de Marina Silva se aproxime de algum deles.

"É difícil falar em coligação porque os partidos orbitam em torno do PSDB", diz José Gustavo Fávaro Barbosa, porta-voz da Rede. "Se houver um racha no partido e, com isso, uma reorganização dos aliados, estamos dispostos a conversar com essas siglas", afirma, referindo-se à disputa entre Doria e Alckmin.

O PSOL ainda discute um nome para o governo. Primeira mulher do partido eleita para a Câmara de Vereadores da capital, Sâmia Bomfim é vista como competitiva.

Outra ala defende a ideia de buscar alguém ligado ao universo acadêmico –como o professor da USP Vladimir Safatle, que quase foi o candidato do PSOL a governador do Estado em 2014, e o professor da Unicamp Plínio de Arruda Sampaio Júnior.

Consenso é que não será lançado para o governo deputado estadual ou federal, mesmo os que teriam potencial de atrair votos, como Luiza Erundina e Carlos Giannazi. Todos os parlamentares devem tentar a reeleição, para reforçar as bancadas da sigla.

No PDT, o nome mais provável até agora é o do ex-deputado federal Gabriel Chalita. "Ele quer ser candidato a [cargo] majoritário, mas a decisão final vai depender das alianças", diz Carlos Lupi, presidente estadual do partido.

A condição, segundo ele, é que coligações não impeçam o palanque no Estado para seu candidato a presidente, Ciro Gomes. "Essa é nossa prioridade", afirma Lupi.

*

URNA PAULISTA
Veja movimentação dos partidos e prováveis candidatos em São Paulo ao governo do Estado e ao Senado

PT

GOVERNO

URNA PAULISTAGabriel Chalita

Luiz Marinho é o único que colocou candidatura e tem se articulado. Fernando Haddad é cotado, mas ainda surge como "plano B" de Lula, caso o ex-presidente fique impedido, e como opção para o Senado

SENADO

URNA PAULISTAEduardo Suplicy

Eduardo Suplicy
Senador por 24 anos, sonha em voltar. Jilmar Tatto quer concorrer para se tornar mais conhecido e tentar ser prefeito de SP em 2020

-

PDT

GOVERNO

URNA PAULISTA

Gabriel Chalita
Ex-secretário municipal e estadual de Educação, é hoje o nome mais forte do partido para disputar o governo, mas candidatura ao Senado não é descartada

SENADO

URNA PAULISTAAntônio Neto

Antônio Neto
Recém-filiado à sigla, vindo do PMDB, é presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB)

-

Rede

GOVERNO

URNA PAULISTAAlexandre Zeitune

Alexandre Zeitune
Vice-prefeito de Guarulhos, é uma das principais lideranças do partido no Estado

SENADO

URNA PAULISTAEduardo Rombauer

Eduardo Rombauer
Um dos fundadores da Rede no Estado, tem experiência com movimentos sociais e está envolvido com grupos que buscam renovação política

-

PSOL

GOVERNO

URNA PAULISTASâmia Bomfim

Sâmia Bomfim
Primeira mulher eleita pelo PSOL para a Câmara da capital, vereadora atrai apoio da juventude com pautas como feminismo e direitos humanos

SENADO
A definir

-

PSDB

GOVERNO

URNA PAULISTALuiz Felipe d'Avila

Oficializaram a pré-candidatura: o cientista político Luiz Felipe d'Avila e os secretários estaduais Floriano Pesaro e David Uip. José Serra é visto como alternativa e uma candidatura de Doria não é totalmente descartada

SENADO

URNA PAULISTAAloysio Nunes

Aloysio Nunes
Seu mandato termina em 2018, mas ele pode não ser candidato à reeleição se o governador Geraldo Alckmin não conseguir a vaga de presidenciável e decidir disputar o Senado

-

PSB

GOVERNO

URNA PAULISTAMárcio França

Márcio França
Vice de Alckmin vai tentar a reeleição e quer apoio do PSDB, que dificilmente abrirá mão de lançar candidato próprio

SENADO
Aberto para coligações

-

PSD

GOVERNO

URNA PAULISTAGilberto Kassab

Gilberto Kassab
O ministro tem disposição para disputar, mas caso José Serra, de quem é amigo, seja o candidato do PSDB, poderia sair a vice

SENADO

URNA PAULISTAGilberto Kassab

Gilberto Kassab
Caso não dispute o governo estadual, deve ser o nome do PSD

-

DEM

GOVERNO

URNA PAULISTARodrigo Garcia

Rodrigo Garcia
Secretário estadual de Habitação, pediu apoio formalmente ao PSDB e só rediscutiria o pleito caso João Doria disputasse, o que é tido como improvável

SENADO
Aberto para coligações

-

NOVO

GOVERNO

URNA PAULISTAMeyer Joseph Nigri

Meyer Joseph Nigri
Empresário da construtora Tecnisa, teve o nome ventilado, mas o partido diz que ainda procura um candidato

SENADO

URNA PAULISTAChristian Lohbauer

Christian Lohbauer
O cientista político está no processo seletivo interno do partido para a definição das candidaturas

-

PMDB

GOVERNO

URNA PAULISTAPaulo Skaf

Paulo Skaf
Presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), disputou em 2014 e tem intenção de tentar novamente

SENADO

URNA PAULISTAMarta Suplicy

Marta Suplicy
Candidata derrotada à Prefeitura de São Paulo em 2016, vai tentar renovar seu mandato no Senado


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