Folha de S. Paulo


Líder do governo em SP critica Doria e diz que ele age como candidato

Gabo Morales - 10.dez.2012/Folhapress
Líder do governo na Assembleia de SP, o deputado Barros Munhoz
Líder do governo na Assembleia de SP, o deputado Barros Munhoz

Foi um "desabafo pessoal". Líder do governo Alckmin na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), o deputado estadual Barros Munhoz (PSDB) discursou nesta terça (26) por 20 minutos, com críticas duras às pretensões presidenciais de João Doria e à gestão do prefeito de São Paulo.

É a primeira vez que um tucano vai ao microfone do Legislativo falar com todas as letras que Doria age como candidato "a governador ou a presidente", mesmo sem a anuência do partido.

"Como alguém que não é candidato está fazendo o que ele está fazendo? Política é coisa séria", afirmou o deputado, citando as viagens do prefeito paulistano ao interior de São Paulo e a outros Estados, além de sua articulação política.

Em seu gabinete, após deixar o plenário, Munhoz esclareceu que falou não como representante do Palácio dos Bandeirantes ou em nome do partido, mas porque "não aguentava mais". E espera que, com a sua fala, "ver se ainda dá tempo de [o partido] tomar uma posição. Vamos assistir isso?".

Na tribuna, destacou que foi um dos primeiros do partido a apoiar a candidatura do empresário em 2016 e lembrou de vê-lo prometer que ficaria na prefeitura durante os quatro anos de gestão.

Disse, também, que a política não esquece "quem deixa o cargo ou quem trai o partido".

Munhoz assinalou que a situação de Doria é diferente da de José Serra, que em 2006 deixou a Prefeitura de São Paulo para disputar o governo do Estado. Diferentemente do empresário, afirmou que Serra já havia sido ministro e feito uma gestão competente.

Assista ao vídeo da sessão na Alesp

PESQUISAS

"O Doria só fez o corujão da Saúde e plantou samambaia na 23 de Maio", criticou o deputado.

Ele também rebateu um argumento usado por Doria, de que o PSDB deve considerar as pesquisas eleitorais para escolher seu presidenciável.

"João, se pesquisa valesse, você não era candidato. Você estava lá embaixo. E 70% dos paulistanos querem que você não deixe o cargo", disse o líder tucano.

À Folha o parlamentar disse que não se consultou com o partido ou com o governador antes de subir à tribuna –apenas avisou o líder da bancada na Assembleia, Roberto Massafera, pouco antes do início da sessão.

Contou, além disso, que esteve com Doria no início da semana passada e o aconselhou a diminuir a pressa pela Presidência: "Desse jeito, ele vai morrer politicamente".

As palavras de Munhoz, para Massafera, são um "divisor de águas" pela unificação do partido em torno da candidatura de Alckmin.

Em nome da bancada, o líder do PSDB afirmou que defende o nome de Doria para o governo em 2018, ao lado de outros nomes que despontam no partido: o deputado federal Floriano Pesaro, o cientista político Luiz Felipe D'Ávila e o senador José Serra.

"Ele [Doria] como governador fará muito pela cidade de São Paulo. Com isso, se consolida na política", diz Massafera, que elogia a equipe que o prefeito montou para sua gestão.

O discurso de Munhoz encontrou respaldo na fala de Campos Machado (PTB), aliado de Alckmin, que não tem poupado críticas a Doria.

Mais cedo, o petebista chamou Doria de "traidor" e de "caixeiro viajante".


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