Folha de S. Paulo


Em vídeo, Meirelles pede que evangélicos orem por recuperação da economia

Armando Paiva/Raw Image/Folhapress
Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, apresenta plano de recuperação fiscal para Rio de Janeiro, no Palácio Guanabara, nesta quarta
Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, apresenta plano de recuperação fiscal para Rio

Em meio a convites para se candidatar à presidência da República em 2018 e a um processo de aproximação com a Assembleia de Deus, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, gravou neste final de semana um vídeo em que pede a evangélicos orações pela economia brasileira.

Meirelles declara ainda que compartilha dos "valores da lei de Deus e dos homens".

"Nossa meta é, de fato, fazer com que o país volte a ter emprego para todos. Para isso, preciso contar com a oração de vocês. Estamos juntos todos, trabalhando dentro dos princípios da ética, da integridade, do trabalho duro."

No vídeo, que parece ter sido gravado de forma amadora e que exibe os dizeres "Outubro, mês de oração pela economia" no final, o ministro da Fazenda diz ainda que se sente "a vontade" para conversar com os evangélicos.

"Me sinto muito a vontade para conversar com vocês porque temos os mesmos valores, valores da lei de Deus e dos homens, visando crescer, visando colaborar com o país. Preciso da oração de todos, estaremos aqui trabalhando, conto com vocês."

De acordo com a assessoria de imprensa da pasta, o ministro foi convidado para um evento da Assembleia de Deus em Madureira, no Rio de Janeiro, mas não pode comparecer, e por isso gravou o vídeo, que vem sendo compartilhado em grupos de redes sociais. A assessoria afirmou que não sabe quem editou o material.

Meirelles vem se aproximando da Assembleia de Deus nos últimos meses _no final do mês passado, participou de uma Convenção da denominação em Juiz de Fora, em Minas Gerais, onde pediu aos presentes oração pela agenda de reformas e ouviu manifestações de apoio.

Também já se encontrou com lideranças da igreja em outras ocasiões.

CONVITE

Na semana passada, o ministro da Fazenda recebeu em sua residência a bancada do PSD na Câmara, partido ao qual é filiado, e foi convidado a se candidatar à sucessão de Michel Temer no ano que vem.

Meirelles negou uma possível candidatura, mas o líder do partido na Câmara, Marcos Montes (MG), afirmou que o ministro recebeu com "entusiasmo" o pedido da bancada.

"Ele começa a se descolar como um candidato que tem afinidade com o mercado e com a sociedade. Ele recebeu [o pedido da bancada para se candidatar] com entusiasmo. Se vier a ser chamado, ele não disse isso, mas o partido tem certeza de que ele atenderá ao chamado da sociedade", afirmou Montes na saída do almoço.

Logo depois da reunião, o ministro da Fazenda usou sua conta em rede social para negar a pré-candidatura à Presidência.

"Eu não sou pré-candidato à Presidência da República. Estou concentrado em meu trabalho na Fazenda, para colocar o Brasil na rota do crescimento sustentado. Fiquei muito honrado com as palavras de todos os deputados do PSD. Seguirei debatendo a política econômica com todos os parlamentares", afirmou Meirelles.

Segundo relato de deputados e do próprio Montes, o ministro sorriu ao ser mencionado como candidato da legenda à Presidência da República.

"Sorriu, o que é melhor do que palavras", afirmou Montes, segundo quem Meirelles autorizou a bancada a falar politicamente em seu nome. "Viemos aqui comemorar os números econômicos e colocar um verniz político nessa atuação econômica."

O ministro da Fazenda já foi cogitado outras vezes para disputar o Planalto. Ele é um dos nomes que despontam entre os aliados de Temer, presidente que tem atualmente com rejeição popular recorde.

O último cargo eletivo disputado por Meireles foi há mais de 15 anos: em 2002 ele foi eleito deputado federal com a maior votação de Goiás. Mas não exerceu o mandato pois foi convidado a comandar o Banco Central por Luiz Inácio Lula da Silva.

O hoje ministro da Fazenda acabou deixando a gestão petista pouco antes do início do governo Dilma Rousseff (2011-2016).


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