Folha de S. Paulo


Terceira denúncia acusa Pimentel de tráfico de influência e lavagem de dinheiro na Acrônimo

Manoel Marques/Imprensa MG
Fernando Pimentel discursa em evento de homenagem a JK em Diamantina na terça (12)
Fernando Pimentel em discurso em evento em Minas Gerais

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), é alvo de uma terceira denúncia com base na Operação Acrônimo.

De acordo com informações do STJ (Superior Tribunal de Justiça), para onde a acusação foi enviada em junho deste ano, Pimentel foi denunciado sob suspeita de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.

A investigação aponta que Pimentel agiu para liberar recursos do BNDES para a construção e operação, pela empreiteira JHFS, de um aeroporto no interior de São Paulo. O governador foi ministro do Desenvolvimento, pasta sob a qual o BNDES está subordinado, entre 2011 e 2014.

O empréstimo foi usado no aeroporto de Catarina, em São Roque (66 km da capital paulista). Segundo delação de Benedito Barbosa da Silva Junior, o Bené, apontado como operador do governador, em troca, a empresa pagou propina.

Depoimentos de executivos da JHSF divulgados pela imprensa afirmam que R$ 1 milhão foi pago em caixa dois à campanha de Pimentel ao governo de Minas em 2014, por meio da contratação do instituto de pesquisa Vox Populi. A empresa também fez doações regulares à campanha.

Em agosto do ano passado, as empresas foram alvo de mandados de busca e apreensão.

Bené também foi acusado por tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Marcos Coimbra, sócio do Vox Populi, Marcio Hiran, diretor do Vox Populi, e José Auriemo Neto, da JHFS, são acusados por crime eleitoral.

Auriemo fechou um acordo de delação que garante a suspensão do seu processo.

Segundo a Procuradoria-Geral da República, a denúncia está sob sigilo por conter informações de colaborações premiadas. O processo, no entanto, é público no sistema do STJ.

Os acusados ainda não foram notificados sobre a nova denúncia. Após a notificação, Pimentel pode apresentar uma defesa prévia.

TRAMITAÇÃO

Pimentel já é alvo de outras duas denúncias no âmbito da Operação Acrônimo. A Corte Especial do STJ, composta por 15 ministros, deve decidir se recebe as acusações —não há prazo para isso.

Se a denúncia for recebida, o governador se torna réu e será julgado pelo STJ. A corte pode determinar seu afastamento do cargo a qualquer momento, desde o início da investigação.

As outras denúncias, oferecidas em maio e novembro de 2016, acusam Pimentel sob a suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter beneficiado, em troca de propina, a montadora Caoa e a Odebrecht quando era ministro.

A Operação Acrônimo da Polícia Federal investiga irregularidades na campanha de Pimentel e na sua gestão à frente do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

OUTRO LADO

A defesa do governador Pimentel afirma que "as denúncias são baseadas em ilações e não levam a lugar nenhum, apenas estigmatizam o acusado".

"Não há prova nenhuma de nada disso. Criminalização da política se tornou rotina no Brasil", afirma o advogado Eugênio Pacelli.

A assessoria de imprensa da JHSF informou em nota que, em janeiro deste ano, José Auriemo Neto assinou acordo de delação "com as autoridades competentes, devidamente homologado pelo Superior Tribunal de Justiça, que garante a suspensão do processo, abrangendo ilícito de menor poder ofensivo".

A Folha fez contato com a defesa de Marcos Coimbra, mas não obteve resposta. A reportagem não localizou a defesa dos demais acusados.


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