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Bolsonaro defende exploração da Renca e diz que China domina o Brasil

Carolina Linhares/Folhapress
Deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e o filho deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSC-RJ) durante lançamento de livro em BH. Carolina Linhares/Folhapress
O deputado federal Jair Bolsonaro e o filho Flávio Bolsonaro durante lançamento de livro em BH

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou nesta quinta-feira (14) que a "China está tomando conta do subsolo do Brasil" e que seremos "inquilinos dos chineses". Segundo ele, é preciso investir na exploração mineral.

Em passagem por Belo Horizonte, o pré-candidato à Presidência da República afirmou que "não podemos entregar nosso subsolo a outros países como vem sendo feito". "É justo entregar Catalão (GO) e Araxá (MG), ricos em nióbio, às estatais chinesas?", questionou.

Mais cedo, diante de uma plateia de apoiadores, afirmou que até abriria uma saída para o mar em Minas para aumentar a produção. "Vamos explorar nossas riquezas, quem sabe até abrindo uma saída pro mar para Minas Gerais. Nós vamos satisfazer o desejo do mar de ganhar Minas, podem ter certeza disso."

Bolsonaro defendeu ainda a exploração da Renca (Reserva Nacional de Cobre e seus Associados) no Amapá. O presidente Michel Temer (PMDB) chegou a extinguir a reserva, mas suspendeu o decreto por 120 dias no final de agosto após reação negativa.

"A Renca deve ser explorada, mas não como Temer propôs, abrindo para empresas estrangeiras", disse Bolsonaro. "Eu topo fazer negócio com partilha com alguns países do mundo: Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão, Israel."

Questionado sobre a diferença entre ceder a empresas americanas ou à China, o deputado disse que os chineses "estão jogando War" e "temos que nos preocupar com isso".

Também nesta quinta, Bolsonaro se reuniu com o prefeito de BH, Alexandre Kalil (PHS). Segundo o deputado, foi uma visita amistosa e quase não se falou de política. "Simpatizei muito com ele. Existe a possibilidade de estarmos juntos no futuro", disse.

Bolsonaro afirmou que ele e Kalil têm algumas identidades. "Eu senti que é uma pessoa que tem autoridade, é autêntica, não é politicamente correta e que está fazendo política por amor."

O deputado está em Belo Horizonte para o lançamento do livro "Mito ou Verdade", uma biografia escrita por um de seus filhos, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSC-RJ).

O pré-candidato também fará uma palestra na Fumec, universidade privada de Belo Horizonte, dará entrevistas a veículos locais e participará de refeições com empresários entre quinta e sexta-feira (15).

'CONVITE À PEDOFILIA'

Bolsonaro comentou a polêmica envolvendo a exposição "Queermuseu", que foi cancelada pelo Santander, em Porto Alegre, após protestos de grupos de direita.

"Esse picaretas do Santander vão conhecer o poder da força contra quem quer sodomizar nossas crianças."

Em entrevista à imprensa, afirmou que a exposição é "um convite à pedofilia e um ataque às religiões". "Isso não é cultura", completou.

O tema também foi abordado com o prefeito Kalil, depois de rumores de que BH receberia as obras da "Queermuseu". O secretário de Cultura da cidade, Juca Ferreira, chegou a dizer que via com bons olhos a vinda da exposição.

Kalil e Ferreira conversaram sobre o assunto, mas praticamente descartaram sediar a exposição por falta de verba. Pelo Twitter, o prefeito deu a entender que a decisão sobre trazer a mostra seria dele: "Respeitemos todas as opiniões. Em caso de divergência, na prefeitura, prevalecerá sempre a opinião do prefeito".

Bolsonaro o parabenizou pelo ato. "Sou capitão do Exército brasileiro, onde vale a hierarquia e a disciplina, e ele vez valer a hierarquia e a disciplina."

'QUE MATE SE FOR PRECISO'

Bolsonaro chegou a BH na manhã desta quinta e foi recepcionado no aeroporto de Confins por cerca de 1.500 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar.

O deputado discursou em um carro de som do lado de fora do aeroporto, aos gritos de "mito" da plateia, que chegou a carregá-lo.

Ressaltando que "não está em campanha", Bolsonaro disse que, na Presidência, não aceitará corrupção e nem indicação política. Falou também a favor dos militares.

"Soldado meu que vai a guerra não senta no banco dos réus. Se tem arma na cintura ou fuzil no peito é para usar. E, se matar preciso for, que mate", afirmou, ressaltando que dará "retaguarda jurídica para que homens e mulheres da segurança pública possam trabalhar".

Disse ainda que os cidadãos de bem são maioria e que "respeitaremos aos minorias, mas quem mandará será a maioria".

ENCONTRO

Na sexta, a agenda de Bolsonaro prevê um almoço com 200 pessoas organizado pela Revista Exclusive, cujo diretor-executivo é Jader Kalid Antônio, doleiro que foi condenado por envolvimento no mensalão, mas teve a punição prescrita neste ano.

Bolsonaro chegou a cancelar o almoço, mas manteve o compromisso depois de receber a explicação de que não se tratava de processo de corrupção no mensalão, mas de evasão de divisas, e que a ação havia sido extinta.

Em 2015, a Justiça Federal de Minas Gerais condenou Kalid a quatro anos e um mês de prisão em regime semiaberto. Seu advogado, Rafael Fernandes, afirmou que a pena foi convertida em cestas básicas e ressaltou que o processo não existe mais.

Segundo a acusação, Kalid auxiliava o publicitário Marcos Valério a enviar dinheiro ao exterior para pagar o publicitário Duda Mendonça pela campanha eleitoral do PT em 2002. O próprio doleiro chegou a confirmar que ajudava os envolvidos no mensalão.


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