Folha de S. Paulo


Kátia Abreu defende que Blairo deixe ministério após virar alvo de operação

Pedro Ladeira - 29.mar.2017/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 29-03-2017, 14h00: A senadora Katia Abreu (PMDB-TO) durante entrevista à Folha em seu gabinete. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVO***
A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO)

A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) disse que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal nesta quinta-feira (14), deveria deixar o cargo.

A declaração da ex-ministra da Agricultura (2015-2016) foi feita pela manhã durante o fórum "Agronegócio Sustentável", promovido pela Folha em São Paulo.

Para ela, os últimos acontecimentos indicam que Blairo, que sofre acusações de obstrução de Justiça, não tem condições de exercer a função.

"É uma pessoa competente, mas essa situação deve ser investigada", disse Kátia, que foi suspensa do PMDB nesta semana.

Apesar de reconhecer que a situação do ministro é grave, o Palácio do Planalto decidiu adotar cautela em relação ao caso, numa estratégia para proteger Michel Temer.

O presidente deve se tornar alvo de uma segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República nesta quinta-feira (14).

Blairo, filiado ao PP e ex-governador do Estado de Mato Grosso, é acusado de participar de um esquema de pagamento de mensalinho para comprar apoio de deputados estaduais ao seu governo.

O ministro Luiz Fux, do STF (Superior Tribunal Federal), que autorizou os mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ministro, afirmou que há "veementes indícios" de que ele tenha cometido crime de obstrução em fatos ocorridos entre os anos de 2014 e 2017.

PUNIÇÃO

Kátia Abreu foi suspensa pelo partido nesta quarta-feira (13). Ela ficará 60 dias longe das atividades partidárias por fazer declarações públicas contra a cúpula da legenda e divergir no Senado de orientações do Planalto.

A senadora poderá ainda sofrer outras punições, inclusive a expulsão da sigla.

"Neste exato momento a preocupação do PMDB deveria ser provar que não é uma organização criminosa (quadrilhão). Eu estou longe de ser um problema para o PMDB. Sigo minha vida", disse ela ao comentar a suspensão.

GOVERNADOR

Pedro Taques (PSDB), governador do Mato Grosso, disse à Folha que o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) de Cuiabá, o qual deveria estar operando durante a Copa do Mundo de Futebol de 2014, ainda será entregue.

A obra já custou R$ 1, 066 bilhão e está na mira da Polícia Federal por meio da Operação Descarrilho, que investiga indícios de corrupção.

Em colaboração premiada ao Ministério Público Federal (MPF), o ex-governador do MT Silval Barbosa (PMDB) disse que seu grupo político fez acordo para receber R$ 18 milhões em propina das empresas que estão trabalhando no VLT.

Taques disse que o governo está lidando com a questão: "Nós fizemos um pedido à justiça federal depois da delação do ex-governador Silval Barbosa e paralisamos as negociações com o consórcio."

O governador também informou que está trabalhando com o prazo de trinta dias –dado pelo juiz que cuidou do tema– para colocar em prática medidas administrativas.

De acordo com Silval, sucessivos governos do estado de Mato Grosso operaram esquemas de corrupção, incluindo o seu, o do atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e o do atual governador, Pedro Taques.

Nesta quarta (14), a Polícia Federal fez buscas no apartamento de Maggi. Perguntado sobre isso, Taques disse: "Eu não vou comentar porque eu não vi ainda o que foi."


Endereço da página:

Links no texto: