Folha de S. Paulo


Lava Jato denuncia secretário de Paes e mais 10 por desvios na Transcarioca

Fernando Frazão/Divulgação/Agência Brasil
O então prefeito Eduardo Paes ao lado do secretário municipal de obras Alexandre Pinto em inauguração de reservatório em 2013
Paes ao lado do secretário municipal de obras Alexandre Pinto em inauguração de reservatório em 2013

O Ministério Público Federal (MPF) no Rio denunciou nesta quarta-feira (13) onze suspeitos de envolvimento em suposto esquema de pagamento de propina em obras da Prefeitura do Rio na gestão de Eduardo Paes (PMDB), como o corredor de BRT Transcarioca e a recuperação da bacia de Jacarepaguá, na zona oeste.

Entre os denunciados está o ex-secretário municipal de Obras Alexandre Pinto que, de acordo com o MPF, teria cobrado propina de empreiteiras em obras de legado da Copa do Mundo e da Olimpíada.

Pinto e outras nove pessoas foram presas no âmbito da operação Rio 40 Graus, desdobramento da Lava Jato, em agosto passado.

A procuradoria denuncia os envolvidos por terem supostamente reproduzido, na secretaria municipal de Obras, esquema semelhante ao que é atribuído ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) no Estado, de cobrança de percentual de propina nos contratos de empreiteiras com o poder público.

Pinto assumiu a secretaria em 2008, o primeiro dos oito anos de Eduardo Paes a frente da prefeitura.

O ex-secretário foi citado em delação premiada de uma funcionária da Carioca Engenharia, empreiteira que atuou em consórcio em um dos lotes da Transcarioca, corredor viário inaugurado em 2014, que liga a Barra da Tijuca ao aeroporto internacional Tom Jobim/Galeão.

Pinto também é citado como tendo solicitado propina nas obras de recuperação das lagoas da bacia de Jacarepaguá.

O MPF acusa o esquema de cobrar propina de R$ 36 milhões, com pedidos de repasse de 5% dos valores da Transcarioca e 4%, da recuperação das lagoas.

Além de Pinto, foram acusados os executivos da empreiteira OAS Reginaldo Assunção e Antônio Cid.

Segundo o MPF, a acusação tem como base a "solicitação de vantagem indevida pelo então secretário municipal de Obras do Rio, bem como pelos fiscais de obras municipais", o que confirmaria a "existência de uma verdadeira organização criminosa instalada na Prefeitura do Rio".

OUTRO LADO

A Folha ainda não obteve contato com os advogados dos presos. Procurada, a assessoria de imprensa de Eduardo Paes ainda não se pronunciou.


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