Folha de S. Paulo


Militantes recepcionam Lula, que depôs a Moro em Curitiba

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou o seu segundo depoimento ao juiz Sergio Moro depois de cerca de duas horas. O depoimento foi prestado nesta quarta-feira (13), na sede da Justiça Federal, em Curitiba.

Ao gritos de "Lula presidente", o ex-presidente foi cercado por centenas de militantes petistas e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na chegada à Justiça Federal, pouco antes das 14h desta quarta (13).

Ele desceu do carro e caminhou por alguns metros, cercado pelos manifestantes e por líderes petistas, como a senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, os senadores Humberto Costa e Lindbergh Farias, o ex-ministro Alexandre Padilha, o presidente da CUT Vagner Freitas, entre outros.

Os militantes faziam um cordão de isolamento em torno do petista e gritavam "Fora, Temer" e "Lula guerreiro do povo brasileiro".

Enquanto isso, moradores dos prédios ao redor também foram às janelas para observar o movimento. Alguns gritaram "bêbado", "vagabundo" e "ladrão".

Mais cedo, uma mulher gritou "corruptos" e "Vai trabalhar, vagabundo", enquanto mostrava o dedo do meio e fazia sinais imitando as grades da prisão.

Foi retrucada aos gritos de "coxinha". A senadora Gleisi, a quem ela gritou "vai pra cadeia", sorriu e fez um sinal de negativo.

A presidente do PT diz que Lula irá "manifestar sua indignação" durante o depoimento. "A indignação virou nossa companheira", disse Gleisi.

DEPOIMENTO

Lula presta depoimento a partir das 14h ao juiz Sergio Moro. O petista é acusado de se beneficiar de vantagens indevidas pagas pela empreiteira Odebrecht.

Na recepção a Lula, uma batucada da juventude do MST entoava gritos de guerra, como "Fora, Temer" e "Bate panela, pode bater, quem tira o povo da miséria é o PT".

Nos prédios ao redor, eventualmente um ou outro morador gritava "Viva o Moro, herói nacional", ou batia panelas. Da janela, uma mulher exibia uma bandeira do Brasil e um boneco inflável do "pixuleko", que representa a imagem de Lula como presidiário.

MANIFESTAÇÕES

A Polícia Militar isolou uma área bem menor nesta quarta (13) que no primeiro depoimento de Lula, em maio. Pedestres e moradores eram autorizados a entrar no entorno, e parte das lojas funcionava normalmente.

Os manifestantes contrários a Lula preparam ato em frente ao museu Oscar Niemeyer, a cerca de dois quilômetros.

Em frente à sede da Justiça, havia apenas duas mulheres com bandeiras do Brasil e uma faixa com a frase "Não vamos desistir do Brasil".

Segundo o secretário da Segurança, Wagner Mesquita, não foram registrados confrontos ou tensões entre manifestantes pela manhã.

ACUSAÇÕES

É a segunda vez que o ex-presidente depõe ao magistrado, que conduz os processos da Operação Lava Jato em Curitiba –a primeira foi em maio, quando um forte esquema de segurança impediu o acesso ao prédio da Justiça Federal e evitou confrontos entre manifestantes pró e contra Lula.

Nesta ação, o ex-presidente é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro devido a supostas relações ilícitas com a empreiteira Odebrecht. A empresa diz que pagou por um terreno que seria destinado ao Instituto Lula, com dinheiro oriundo de um "caixa de propinas" do PT.

Marlene Bergamo/Folhapress
CURITIBA - PODER - Depoimento do ex Presidente Lula ao Juiz Sergio Moro será amanha. Cartazes contra Lula podem ser vistos na entrada da cidade, a partir do aeroporto. 12/09/2017 - Foto - Marlene Bergamo/Folhapress - 017 -
Outdoor contra Lula na entrada da cidade de Curitiba, próximo ao aeroporto

Na semana passada, em depoimento a Moro, o ex-ministro Antonio Palocci afirmou que Lula avalizou um "pacto de sangue" com a Odebrecht, com o pagamento de R$ 300 milhões em vantagens indevidas em troca de manter o protagonismo da empreiteira no governo. O terreno ao instituto estaria incluído nesse valor.

No depoimento desta quarta, Lula deve rebater o depoimento de Palocci e as acusações contra si. Dirigentes petistas pretendem usar o ato para reforçar a mensagem de que haveria uma guerra jurídica contra o ex-presidente.

Lula já foi denunciado nove vezes desde que deixou o mandato –a última vez, nesta segunda (11), na Justiça Federal em Brasília, acusado de aceitar promessa para receber recursos ilegais quando presidente.

Ele é réu em seis ações, e foi condenado por Moro em uma delas, a 9 anos e 6 meses de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro na compra e reforma de um apartamento tríplex no Guarujá.

À SEGUNDA VISTA
Lula presta novo depoimento a Moro nesta quarta (13)

ACUSAÇÃO
Lula é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro em razão de contratos firmados entre a Petrobras e a Odebrecht

FAVORECIMENTO
Os procuradores dizem que a Odebrecht comprou um terreno em SP onde seria instalado o Instituto Lula e um apartamento em São Bernardo do Campo

OS RÉUS
Além de Lula, são réus outras sete pessoas, incluindo Antonio Palocci e Marcelo Odebrecht

A AUDIÊNCIA

HORÁRIO
O início está marcado para as 14h, não há previsão para término

QUEM PODE ENTRAR?
Desta vez, a parte administrativa da Justiça Federal vai funcionar normalmente. Poderão acessar o prédio servidores e funcionários que irão participar da audiência, bem como o juiz Sergio Moro, advogados e membros do Ministério Público Federal

COMO SERÁ A FILMAGEM?
Com duas câmeras –uma com foco em Lula e outra lateral, com foco em toda a sala de audiência. Somente a Justiça Federal irá filmar

COMO SERÁ A TRANSMISSÃO?
A gravação será disponibilizada após a audiência, no site da Justiça Federal. O acesso é público, mas exige uma senha

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