Folha de S. Paulo


Alckmin e Doria travam 'combate aéreo' opondo voo comercial e jatinho

Geraldo Alckmin (PSDB) afivelou o cinto e decolou. Mas antes tirou foto para postar em suas redes sociais.

Foi nesta terça-feira (12), ao viajar para Brasília para encontros com representantes do agronegócio.

O governador de São Paulo, disposto a turbinar sua candidatura a presidente da República em 2018, publicou na internet imagem sua na fila de embarque do aeroporto de Congonhas, antes de pegar um avião comercial.

Alckmin já vinha optando por voos de carreira, mas a exposição da escolha é novidade e ele disse a aliados que só irá usar linhas regulares daqui em diante —ao menos a destinos servidos por elas.

Mais que isso, a opção indica uma tentativa de se diferenciar do afilhado político João Doria (PSDB), que também se coloca como pré-candidato a presidente e tem rodado o país para eventos.

Só que, no caso do prefeito da capital, as viagens são em seu próprio jato.

Na mesma manhã em que Alckmin enfrentou fila no aeroporto, Doria defendeu o uso da aeronave particular. Disse, durante evento com executivos em hotel na região da avenida Paulista, que ele mesmo banca seus voos.

"Eu me tornei um empresário de sucesso trabalhando. Devolvo meu salário para o terceiro setor, o carro que está aí fora é meu, as viagens quem paga sou eu, o helicóptero que eu uso é meu, eu uso meu avião. Eu não preciso de dinheiro público para essas coisas", disse Doria, que tem até wi-fi em sua aeronave.

Os encontros de Alckmin em Brasília estavam em sua agenda oficial. Na legenda da foto em Congonhas, ele escreveu que se tratava de "importantes compromissos em prol da agropecuária paulista", embora na realidade ele tenha ido para tentar cimentar o apoio do setor a seu pleito presidencial e ouvir as queixas dos produtores.

Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress
SÃO PAULO,SP,11.09.2017:ALCKMIN-FHC-DORIA-ALMOÇO-DEBATE-LIDE - (e/d) O governador Geraldo Alckmin, o ex presidente Fernando Henrique Cardoso e o prefeito João Doria participam almoço debate organizado pelo grupo de Líderes Empresariais (LIDE), no Hotel Grand Hyatt em São Paulo (SP), nesta segunda-feira (11). (Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress) ***PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS***
Da esq. para dir., o governador Alckmin, o ex-presidente FHC e o prefeito João Doria em evento do Lide

'TEMPO VAI DIZER'

Doria, que falou sobre seu programa de privatizações durante a palestra no 15º Fórum Latino-Americano Brasileiro de Liderança Estratégica em Infraestrutura, disse na saída do evento que se sentiria constrangido em disputar prévias com Alckmin.

"Eu tenho pessoalmente muito constrangimento nisso. Gosto muito do governador Geraldo Alckmin, é meu amigo e por quem eu mantenho uma profunda admiração. Preferiria não [disputar], mas o tempo vai dizer."

Doria, que adotou a estratégia de tentar se fortalecer via pesquisas de opinião para convencer a legenda sobre sua candidatura, defendeu que o PSDB também considere a vontade dos filiados.

"Eu não sou contra prévias, até porque sou fruto delas. Podemos ter uma combinação entre prévias nacionais, com os mais de 200 mil filiados em todo o país, mas não abdicar da pesquisa, que é um instrumento legítimo, bom, positivo", disse Doria.

O prefeito repetiu discurso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que nesta semana afirmou que as duas ferramentas devem ser levadas em conta.

Na palestra, Doria manteve a linha crítica ao PT e ao ex-presidente Lula. Alfinetou o petista ao falar que tudo que conquistou na vida foi trabalhando, "não foi roubando, não foi estilo PT, construindo tríplex, sítio, pedalinho".

Em outro momento, disse que "R$ 159 bilhões foram roubados da Petrobras. Como a gente pode querer um Estado estatizante? Só se for para roubar". O prefeito criticou o "Estado gordo" e defendeu a "privatização gradual" da Petrobras e ainda a fusão do Banco do Brasil e da Caixa.


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