Folha de S. Paulo


FHC pede 'união' de Doria e Alckmin contra 'narrativas falsas'

Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress
Former JBS chairman Joesley Batista, left, is driven away from his father's house to turn himself in to authorities, in Sao Paulo, Brazil, Sunday, Sept. 10, 2017. A Brazilian Supreme Court justice has ordered the arrest of the former chairman of the world's largest meatpacker JBS, whose testimony implicated Brazil's President Michel Temer in corruption.(AP Photo/Nelson Antoine)
Alckmin, FHC e Doria participam de evento no Lide, em São Paulo, nesta segunda (11)

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pediu nesta segunda-feira (11) a união do governador Geraldo Alckmin e do prefeito João Doria para evitar "narrativas falsas" em 2018.

Em almoço do Lide, organização de empresários fundada por Doria, FHC disse que "o novo não são pessoas novas ou jovens, são ideias. Ideias de vanguarda".

Olhando para os dois tucanos lado a lado, FHC disse:"Diante dos líderes aqui presentes, eu confio que eles serão capazes de se unir e de nos unir a eles".

"Unamo-nos. Senão, os riscos estão aí de uma narrativa falsa que possa embalar a todos nós", afirmou o ex-presidente.

FHC citou Alckmin três vezes em sua fala de 40 minutos, e não mencionou Doria, salvo nos agradecimentos iniciais.

PRÉVIAS E PESQUISAS

A jornalistas, o ex-presidente disse ser favorável a prévias para a escolha do presidenciável tucano, como quer Alckmin. Mas também concordou com Doria sobre a importância de se considerar pesquisas de intenção de votos.

"Pode ter pesquisa de opinião, isso vai ter peso, sempre tem peso", afirmou. "Será suficiente para se impor à decisão dos militantes do partido? É outra questão. Aí pode ter prévia também."

FHC disse achar "boa" a concorrência entre Alckmin e Doria pelo posto, embora veja "a disputa muito mais na boca dos outros do que na deles".

"É natural que as pessoas aspirem posições. Que se faça no momento apropriado e de forma aberta. E que o partido tome decisão. Reitero: feliz o partido que tenha muitos com vontade e possibilidade de ser presidente."

Ele defendeu que as prévias sejam realizadas entre dezembro e março. Alckmin já pediu que a eleição partidária ocorra ainda neste ano, o que constrangeria Doria a deixar a prefeitura menos de um ano depois de assumi-la.

Fernando Henrique minimizou a fala do presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati, segundo quem Alckmin está em primeiro na fila.

"Geraldo está há mais tempo na vida eleitoral. Isso quer dizer que está garantido? Não", disse ele.

CLIMA

O clima entre prefeito e governador melhorou nos últimos dias para evitar uma ruptura mais brusca, segundo aliados do governador.

Os dois estiveram juntos publicamente nos últimos três dias. Nesta segunda-feira (11), Alckmin afagou Doria, o que não vinha fazendo, apesar dos elogios frequentes do prefeito.

Ao fazer um discurso breve antes de FHC no almoço do Lide, o governador falou "primeiro da alegria de estar com João Doria três dias seguidos, disputando com a Bia [mulher do prefeito]". Ouviu risos e aplausos da plateia.

Alckmin não quis falar com a imprensa e Doria voltou a negar disputas com o padrinho político.

JOESLEY

FHC também comentou a reviravolta no acordo de colaboração dos executivos da JBS.

"O fato de que a pessoa [Joesley Batista] foi um pouco fanfarrona e é, bastante, não é suficiente para anular se os indícios levarem a alguma coisa mais concreta que a palavra dele", argumentou.

O tucano defendeu o instituto da delação premiada, cujos questionamentos se acirraram, como parte do processo investigatório.

E comentou a fala do ex-ministro Antonio Palocci sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Palocci era um homem da intimidade do governo, então isso vai ter peso na compreensão do que aconteceu, certamente", afirmou.

"Ele disse isso de maneira muito racional, fria e equilibrada. Claro que é a palavra dele. Mas há outros, que dizem outras coisas. A Justiça vai ter que peneirar isso para tomar uma decisão."


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