Folha de S. Paulo


Empresário confirma que emprestou apartamento a Geddel

Fernando Vivas - 5.set.2017/Folhapress
SALVADOR, BA, 05.09.2017: OPERAÇÃO TESOURO PERDIDO - Fachada de prédio localizado no bairro da Graça, em Salvador, que foi alvo de operação Tesouro Perdido, da Polícia Federal, nesta terça-feira (5), quando foram encontradas malas com dinheiro em apartamento usado como depósito pelo ex-Ministro Geddel Vieira Lima. (Foto: Fernando Vivas/Folhapress) ***PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS***
Fachada de prédio em Salvador onde estavam malas e caixas de dinheiro atribuídas a Geddel

O empresário Sílvio Antônio Cabral da Silveira afirmou em depoimento à Polícia Federal que havia emprestado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) o apartamento onde foram encontrados R$ 51 milhões nesta terça-feira (5) em Salvador

Intimado a depor na terça-feira, Sílvio Silveira compareceu espontaneamente à Superintendência da Polícia Federal na capital baiana.

À polícia, o empresário informou que o apartamento foi solicitado sob alegação de que Geddel pretendia guardar no local pertences do pai, o ex-deputado federal Afrísio Vieira Lima, morto no ano passado.

Divulgação
Polícia Federal encontra malas de dinheiro em endereço atribuído a Geddel Vieira Lima
Malas de dinheiro atribuídas a Geddel: no total, foram R$ 51 milhões

Ele também informou que à polícia que Geddel seria um "conhecido" seu e que, por isso, emprestou o apartamento. Não houve contrato de aluguel ou de empréstimo do imóvel.

"[O empréstimo] teria sido no fio do bigode", afirmou o superintendente da Polícia Federal na Bahia, Daniel Madruga.

O empresário ainda afirmou não sabia que o imóvel estava sendo usado para guardar caixas e malas com dinheiro. "A princípio, ele agiu de boa fé", disse Madruga.

Procurado pela Folha, o empresário Sílvio Silveira informou, por meio de um de seus advogados, que já prestou depoimento à PF e não falará com a imprensa.

APARTAMENTO

O empresário Sílvio Antônio Cabral Silveira é um dos responsáveis pela empreiteira Silveira Empreendimentos, com atuação em Salvador.

A empreiteira atuou na construção do Residencial José da Silva Azi, prédio onde foi encontrado o dinheiro. A mulher de Sílvio Silveira, Ana Vitória Silveira, conta como uma das sócias do empreendimento.

Além de ter atuado na construção, a Silveira Empreendimentos também é dona alguns apartamentos no prédio que não tinham sido comercializados, informou uma pessoa próxima da família.

Sílvio Silveira e a sua empresa ganharam notoriedade na Bahia após terem sido investigados por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apurou um esquema de corrupção na Ebal, estatal baiana responsável pela rede de supermercados públicos Cesta do Povo.

O empresário responde a uma ação penal e a uma ação civil pública por supostamente ter participado do esquema de corrupção. As duas ações ainda não foram julgadas.

A Silveira Empreendimentos também firmou um contrato em 2009 com o Ministério da Integração Nacional, na época comandado por Geddel Viera Lima. Com custo de R$ 726 mil, o contrato teve como objeto a realização de uma obra numa barragem em Araci, no interior da Bahia.

A defesa de Geddel não se pronunciou sobre esse assunto.

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