Folha de S. Paulo


Funaro conclui negociação e deve assinar acordo de delação nesta terça

Lula Marques - 28.abr.2010/Folhapress
O corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, em depoimento a CPI, em 2010
O corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, em depoimento a CPI, em 2010

O corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, preso em Brasília, acertou os termos do acordo de delação premiada que vinha negociando havia cerca de três meses com a Procuradoria-Geral da República.

Segundo pessoas envolvidas nas tratativas do acordo, as negociações foram finalizadas nesta segunda (21) e a previsão para a assinatura é nesta terça (22).

Depois, o acordo será enviado pelos procuradores ao STF (Supremo Tribunal Federal) para ser homologado (validado). O teor da delação é mantido em sigilo.

Segundo a Folha apurou, o foco principal é o grupo político conhecido como "PMDB da Câmara", do qual faz parte o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso no Paraná. Funaro deverá entregar provas de pagamentos de propina.

Preso na penitenciária da Papuda, o operador foi transferido nesta segunda para a carceragem da Polícia Federal, onde investigados que negociam delação costumam ser levados para prestar depoimento.

Na semana passada, após assistir a uma audiência na Justiça Federal em Brasília, Funaro foi questionado e disse a jornalistas que "ainda tem" o que entregar aos investigadores sobre o presidente Michel Temer, um de seus possíveis alvos na delação.

J&F

Funaro é figura central na delação de executivos da J&F, controladora da JBS, que atingiu o governo Temer. O presidente foi gravado no Palácio do Jaburu na noite de 7 de março por Joesley Batista, um dos donos do frigorífico.

No diálogo, segundo a investigação da PGR, Joesley diz a Temer que está pagando propina para manter em silêncio Funaro e Cunha. Temer, então, dá aval aos pagamentos, conforme a investigação.

A expectativa é que essa parte da delação da J&F gere uma segunda denúncia da PGR contra Temer. A primeira, sob acusação de corrupção passiva, foi suspensa pela Câmara dos Deputados no início deste mês.

Funaro é apontado como o operador financeiro do "PMDB da Câmara", que, segundo diferentes investigações, atuou na Petrobras e na Caixa Econômica Federal, banco que administra o fundo de investimentos do FGTS (FI-FGTS).

O corretor responde a uma ação na Justiça Federal em Brasília sob acusação de envolvimento em desvios no FI-FGTS, junto com Cunha. A ação derivou da Operação Sépsis, um desdobramento da Lava Jato.

Além dessa ação, Funaro é alvo da PGR em um inquérito que apura suposta formação de organização criminosa por membros do PMDB da Câmara, o chamado "quadrilhão".


Endereço da página:

Links no texto: