Folha de S. Paulo


Ministro tucano ataca propaganda do PSDB e aponta 'atitudes autoritárias'

Sérgio Lima - 27.mar.2014/Folhapress
O deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA)
Antônio Imbassahy (PSDB-BA), ministro do presidente Michel Temer

Ministro tucano mais próximo do presidente Michel Temer, Antonio Imbassahy (PSDB-BA) atacou a propaganda partidária exibida nesta quinta-feira (17) por sua legenda e disse que o programa deixa a sigla em uma posição "extremamente ruim e desconfortável".

Imbassahy, que despacha dentro do Palácio do Planalto e é responsável pela articulação política do governo, acusa a direção do PSDB de adotar "atitudes autoritárias e desagregadoras" ao decidir levar ao ar um programa que admite "erros" e critica um modelo político que chama de "presidencialismo de cooptação".

A exibição da propaganda reacendeu a crise interna vivida pelo PSDB desde a revelação das delações da JBS. Imbassahy e outros ministros tucanos foram os principais defensores da manutenção do partido no governo, contra o grupo do presidente interino da sigla, Tasso Jereissati.

"Em vez de fortalecer o partido e apresentar contribuições ao país, preferiu-se expor, em rede nacional, uma divisão interna que, a meu ver, já havia sido superada", escreveu o ministro, em nota. "As dificuldades e divergências precisam ser resolvidas com diálogo e equilíbrio e não com atitudes autoritárias e desagregadoras."

Para Imbassahy, a autocrítica apresentada no programa é baseada em "colocações rasas, genéricas" e "não teve a coragem de apontar os culpados pelos vícios e mazelas que (...) condenou".

O ministro voltou a defender que o PSDB se empenhe em ajudar o governo Temer a aprovar reformas e afirmou que a sigla "não pode continuar sendo um fator gerador de crises, criando instabilidades que atrapalham o governo e, consequentemente, o país".

Procurado pela Folha, Tasso Jereissati informou que não se manifestará sobre as críticas feitas à propaganda partidária.

Outros dois ministros tucanos atacaram o programa e a direção partidária. Conforme antecipou o Painel, o chanceler Aloysio Nunes disse que o programa é uma "crítica vulgar" e que deve ter levado o PT às gargalhadas.

"Pergunto aos marqueteiros: o apoio do PSDB ao governo Michel Temer, os cargos que ocupamos, foram negociados por baixo do pano, por fisiologismo? Talvez, então, nós sejamos os puros entre os impuros! Então, que se aponte com clareza quem são os impuros, porque eu, como ministro, não visto a carapuça", escreveu Aloysio.

O ministro ressalta que a peça publicitária não serve para melhorar a imagem do PSDB e nem para a "luta política". "Esse programa não me representa. Não participei de sua concepção. Em nenhum momento minha opinião foi demandada. Ele passa ao largo dos problemas urgentes do país e das opções que o PSDB tem o dever de apresentar para seu enfrentamento."

O ministro das Cidades, Bruno Araújo, seguiu a mesma linha: diz que a publicidade é injusta com a "história do partido", que teria optado por um caminho de "recuperação do país".

Ele faz ataques velados a Tasso Jereissati. Sem citar o nome do presidente interino, diz que "a mudança na Executiva do PSDB tinha como objetivo levar o partido a uma transição consensual até a realização de novas convenções. O programa partidário exibido hoje não se enquadra nesse espírito".


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