Folha de S. Paulo


Obra traz evolução das construtoras no regime militar

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Pagamentos continuaram após Lava Jato, diz Emílio Odebrecht
Emílio Odebrecht, dono da Odebrecht, disse em delação que esquema de corrupção é de 30 anos atrás

"O que nós temos não é de cinco, de dez anos. É de 30 anos. Esse sistema era um negócio institucionalizado, normal", afirma o empreiteiro Emílio Odebrecht em sua delação premiada, dizendo-se incomodado que a elite brasileira externasse surpresa diante dos crimes revelados pela empresa.

O corte temporal citado pelo empresário coincide com a metade dos anos 1980, quando o Brasil se redemocratizava.

Para o historiador Pedro Campos, doutor pela Universidade Federal Fluminense, a afirmação de Odebrecht coincide com sua pesquisa sobre as empreiteiras na ditadura, também apresentada no simpósio de FGV, PUC-Rio e Brown.

Ele publicou em 2014, no início da Operação Lava Jato, o livro "Estranhas Catedrais", dedicado ao tema.

Na obra, relata o crescimento das construtoras brasileiras sob o regime que vigorou de 1964 a 1985 e sua proximidade com a elite militar e civil dos governos ditatoriais –inclusive com denúncias de corrupção.

Campos registra a mudança de estratégia das empreiteiras diante da abertura política. O foco no governo e nos oficiais se desloca em direção ao Poder Legislativo e aos partidos, que voltam a ter peso com a redemocratização.

Os documentos das construtoras passam a relatar intenso trabalho de pressão junto a deputados e senadores para liberar recursos para obras e fazer passar medidas de interesse do setor, que incluía o financiamento de campanhas.


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