Folha de S. Paulo


Ex-secretário do MT nega recebimento de propina para mudar depoimento

Alan Marques - 9.dez.08/Folhapress
BRASÍLIA, DF - 09.12.2008: REUNIÃO/FUNDO DO CENTRO OESTE DF - O governador em exercício do Mato Grosso, Silval Cunha Barbosa, durante reunião sobre Fundo do Centro Oeste, no Senado Federal, nesta sexta-feira. (Foto: Alan Marques/Folha Imagem)
Delação do ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa implica ex-secretário

O ex-secretário do Estado de Mato Grosso Eder Moraes negou ter recebido R$ 6 milhões do ministro da Agricultura Blairo Maggi (PP) e do ex-governador Silval Barbosa para mudar o seu depoimento junto ao Ministério Público.

"Nunca recebi nenhum tipo de questionamento oficial sobre este assunto e nunca fui intimado pela Justiça para falar sobre isso. O ex-governador Silval Barbosa está faltando com a verdade", disse Eder à Folha.

O ex-secretário ainda afirma que não tem contato com Maggi muito antes de 2014, quando foi preso durante a Operação Ararath. "Depois disso eu fui proibido de entrar em contato com os investigados na Ararath e com o ex-governador Blairo", complementou.

De acordo com a delação de Silval Barbosa, Eder teria cobrado R$ 12 milhões para mudar o depoimento feito no MP sobre o esquema de compra de vagas no Tribunal de Contas do Estado (TCE) com aval do então governador Maggi em 2009. E que, diante disso, Blairo e Silval combinaram repassar apenas R$ 6 milhões, em duas parcelas de R$ 3 milhões.

"O acordo feito era de que eu seria o indicado para o TCE se a vaga fosse de indicação do Poder Executivo. Como o Blairo saiu em 2010 para disputar o Senado e a vaga não surgiu, nada aconteceu. Então não tem o que se falar de compra de vagas", diz Eder.

Já sobre a mudança em seu depoimento, Eder Moraes alega que foi enganado pelo Ministério Público Estadual. "O promotor Mauro Zaque disse que só aceitaria o meu depoimento se ele indicasse o advogado. E isso não pode. Mas eu estava abalado emocionalmente", afirma.

Maggi e mais sete pessoas continuam com R$ 4 milhões bloqueados pela Justiça por conta da compra de vaga no TCE-MT.

De acordo com a ação, em 2009 o então deputado estadual Sérgio Ricardo teria pago R$ 4 milhões ao conselheiro do TCE, Alencar Soares Filho, para ocupar sua cadeira no TCE. Para descaracterizar o ato ilícito, Alencar teria devolvido a mesma quantia a Ricardo, dinheiro oriundo de uma factoring, com intermediação de Eder Moraes e aval do governador Blairo Maggi.

Alencar também teria recebido outros R$ 4 milhões das mãos de Gercio Marcelino Mendonça Junior, conhecido como Júnior Mendonça, a pedido de Eder Moraes e com o consentimento de Blairo Maggi, conforme a denúncia.


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