Folha de S. Paulo


Partidos da base pressionam Temer por cargos de infiéis em votação

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 02-08-2017, 19h00: Sessão da câmara dos deputados destinada inicia a votação da admissibilidade da investigação contra o presidente Michel Temer no plenário. O presidente da câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) preside a sessão. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
Câmara dos Deputados durante votação que barrou denúncia de corrupção contra Michel Temer

Partidos da base aliada de Michel Temer que votaram em massa a favor do presidente na quarta-feira (2), derrubando a denúncia da Procuradoria-Geral da República, aumentaram a pressão por cargos ocupados por "infiéis". Eles ameaçam travar a discussão da reforma da Previdência e até retirar apoio ao presidente na votação de uma provável segunda denúncia apresentada pela PGR.

O principal alvo das reclamações é o PSDB, que ocupa quatro ministérios e cargos em escalões inferiores, mas entregou menos da metade de seus 46 votos a favor de Temer.

Horas depois da vitória do governo na Câmara, dirigentes do PMDB e de siglas do chamado centrão mandaram recados ao Planalto para exigir uma recompensa imediata pela fidelidade demonstrada no placar de 263 votos.

Além do partido do presidente, o bloco formado por PP, PR, PSD, PTB, PRB e outras legendas reclama de "sinais trocados" enviados pelo Planalto nos últimos dias, que demonstrariam um recuo em promessas de reorganização dos cargos ocupados pela base.

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Essas siglas alegam que votaram por Temer sob a condição de que teriam suas demandas atendidas de imediato. Parte delas, inclusive, ameaça abrir processos internos para punir quem se posicionou contra o presidente.

O PR quer, por exemplo, indicar aliados de Magda Mofatto (GO), que votou a favor do presidente, nos cargos hoje ocupados pelo deputado Delegado Waldir (GO), que se manifestou contra Temer. Os caciques do PP, em que o apoio ao presidente foi de 85%, reclamam que o Planalto liberou "milhões" em emendas para Waldir Maranhão (MA) e ele votou contra Temer.

Já o Podemos negociou nomeações para as diretorias de Administração e Saúde Ambiental da Funasa.

Nos bastidores, os partidos da base afirmam que, se não forem atendidos, vão interditar o debate sobre a reforma da Previdência, bandeira prioritária de Temer após a superação da denúncia no plenário da Câmara. Dirigentes do centrão tratam como "piada" a tentativa do governo de retomar essa discussão antes do pagamento dessas faturas.

Nesta quinta (3), Temer consultou líderes da base sobre a possibilidade de iniciar a votação do projeto na primeira quinzena de setembro e finalizá-la na Câmara e no Senado até o final de outubro. Há resistências entre deputados governistas tanto em relação ao conteúdo como ao calendário. O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse a aliados que será necessário "muito esforço" para cumprir o cronograma.

Nas conversas desta quinta, Temer reconheceu a necessidade de reorganizar a base antes dessa votação.

O presidente cobrará fidelidade dos partidos governistas e pretende retirar cargos de segundo e terceiro escalões de deputados infiéis. Contudo, para garantir o apoio do PSDB e do PSB, que ficaram rachados na votação, o governo não pretende fazer mudanças na cúpula da Esplanada dos Ministérios.

Líderes do governo farão uma análise detalhada do mapa de votações.


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