Folha de S. Paulo


Secretário de Paes ocultou patrimônio por meio de parentes, diz Procuradoria

Fernando Frazão/Divulgação/Agência Brasil
O então prefeito Eduardo Paes ao lado do secretário municipal de obras Alexandre Pinto em inauguração de reservatório em 2013
Paes ao lado do secretário municipal de obras Alexandre Pinto em inauguração de reservatório em 2013

O ex-secretário municipal de Obras do Rio, Alexandre Pinto, ocultou patrimônio obtido com propina por meio da própria mãe, mulher e filhos, afirma o Ministério Público Federal no pedido de prisão da Operação Rio 40 graus.

De acordo com as investigações, há indícios de que o ex-secretário e seus familiares adquiriram imóveis e automóveis com o dinheiro obtido com propina cobrada em obras no município.

Pinto foi preso na manhã desta quinta-feira (3) sob suspeita de cobrar 1% de propina sobre contratos de obra da Transcarioca e da recuperação ambiental da bacia de Jacarepaguá.

Segundo o MPF, as aquisições ocorreram entre 2011 e 2015, período em que as obras ocorreram.

Em 2011, a mulher de Pinto, Érica de Castro Nogueira da Silva, adquiriu um imóvel de R$ 120 mil. A operação não foi declarada no imposto de renda do ex-secretário, de quem a esposa constava como dependente.

O mesmo ocorreu em 2012, quando o filho Carlos Victor Montenegro Nogueira da Silva adquiriu outro imóvel de R$ 60 mil. Em 2013, o ex-secretário adquiriu uma sala comercial de R$ 173 mil, sem declará-lo à Receita Federal.

O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) também identificou que o ex-secretário adquiriu com dinheiro vivo em 2013 um automóvel BMW X1 por R$ 123 mil. No mesmo ano, Pinto comprou o veículo Ford Edge por R$ 157,9 mil sem declará-lo à Receita.

Para os investigadores, caso tais aquisições tivessem sido declaradas, haveria uma variação patrimonial a descoberto por Alexandre Pinto, já que o aumento do patrimônio seria superior à sua disponibilidade financeira.

A Procuradoria indica ainda que a poupança de Renan Montenegro Nogueira da Silva, filho do ex-secretário, teve um salto no saldo de R$ 28 mil em 2014 para R$ 834 mil no ano seguinte.

Os investigadores detectaram também um depósito em dinheiro na conta da mãe do engenheiro, Sônia Regina Pinto da Silva, de R$ 130 mil em 2014.

Pinto ocupou a cúpula da secretaria de 2009 a 2016, por todo o governo Paes. Funcionário de carreira da prefeitura desde 1987, Pinto foi o responsável pela licitação das grandes obras realizadas na cidade na esteira da Olimpíada -à exceção da revitalização da região portuária. Os contratos eram assinados por sua pasta ou por companhias vinculadas a ela.


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