Folha de S. Paulo


Após votação, Maia diz que o 'tempo' vai resolver relação com o governo

Depois de mais de 12 horas de sessão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) reconheceu nesta quarta-feira (2) que houve uma animosidade sobre uma eventual sucessão do presidente Michel Temer. "Foi um processo de aprendizado e a gente aprende com coisas boas e coisas ruins. E, de fato, o entorno do presidente teve uma relação muito ruim comigo, muito desrespeitosa. Mas o tempo vai resolver isso", disse.

Maia comemorou o placar da votação que barrou a denúncia por corrupção passiva contra Temer. Dentro da previsão do governo, 263 deputados votaram contra a continuidade do processo que poderia transformar o presidente em réu.

"Diante da crise profunda que o Brasil vive, a Câmara tomou a sua decisão com quorum qualificado de quase 300 parlamentares. Isso que é importante, que o quorum foi na linha que era o fundamental para não parecer que se estava ajudando o governo ou ajudando a oposição", disse.

Maia afirmou ainda que o importante era que a Casa não postergasse o assunto. "Essa decisão está tomada e agora nós temos um longo caminho", disse, mencionando a crise fiscal e na área de Segurança Pública.

O deputado lembrou ainda de que temas que devem entrar na pauta da Câmara na próximas semanas, como a reforma política.

Questionado sobre a reforma da previdência, paralisada desde maio, Maia disse que, apesar da necessidade do projeto, ainda não há previsão para que ele seja retomado. "A gente sabe que vai ter que se reorganizar a reforma da previdência, que é fundamental. O Brasil não vive sem a reforma da previdência, mas nós sabemos que para atingir 308 votos nós vamos ter que trabalhar muito", disse.

Sobre a possibilidade de a Procuradoria apresentar uma nova denúncia contra Temer, Maia disse respeitar o trabalho do procurador-geral, Rodrigo Janot. "Se ele entender que cabe mais uma denúncia ele está no direito dele e a Câmara vai respeitar, vai fazer o trâmite dentro do regimento da Casa e vai votar. Se ela acontecer não há problema nenhum, ele está no direito dele", disse, reconhecendo que se isso ocorrer poderá haver uma nova paralisação da pauta de votações da Casa.


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