Folha de S. Paulo


Cabral nega propina de Eike, diz que recebeu caixa dois e pede acareação

José Lucena - 10.jul.2017/Futura Press/Folhapress
O ex-governador Sérgio Cabral deixa sede da Justiça Federal, no Rio de Janeiro, após prestar depoimento nesta segunda
O ex-governador Sérgio Cabral deixa sede da Justiça Federal, no Rio, após prestar depoimento

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) negou em depoimento ter recebido propina do empresário Eike Batista. Ele afirmou que recebeu contribuição eleitoral via caixa dois do chefe do grupo EBX.

O peemedebista voltou a negar ter mantido contas no exterior em nome dos irmãos Renato e Marcelo Chebar. De acordo com denúncia do Ministério Público Federal, Eike pagou US$ 16,5 milhões num banco no Panamá, e depois transferidos para o Uruguai.

"Eu recebi esses recursos na campanha de 2010. Eu não sei qual foi o modus operandi dele para receber", afirmou ao juiz Marcelo Bretas.

Num longo depoimento de duas horas, Cabral voltou a defender seu governo, atacar delatores do esquema e pediu acareação com os doleiros que lhe atribuíram US$ 100 milhões no exterior.

'OLHO NO OLHO'

"Quero ver se eles têm coragem de falar, olho no olho, que essas contas eram minhas", disse Cabral.

O ex-governador afirmou que pediu em 2010 recursos para a campanha eleitoral. De acordo com o relato, o empresário disse que o repasse deveria ocorrer via caixa dois. E Flávio Godinho, ex-braço-direito de Eike, pediu que a transferência ocorresse no exterior.

Segundo Cabral, ele indicou os irmãos Chebar para receberem os recursos. Mas, segundo o ex-governador, não participou do recebimento dos recursos.

O peemedebista disse mais uma vez que se apropriou de sobras de caixa dois de campanha. Mas, pela primeira vez, disse: "a quase totalidade do caixa dois foi gasta na política, não para me enriquecer".

O peemedebista não foi questionado sobre empréstimos de jatos por Eike. Em seu depoimento, o empresário disse ser difícil dizer "não" a um governador.


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