Folha de S. Paulo


Com discurso contra polarização, grupo Acredito lança manifesto

Com discursos de renovação na política e de combate à desigualdade, o movimento Acredito lançou neste sábado (29) um manifesto de princípios.

Suprapartidário e disposto a se colocar à margem da polarização, segundo seus diretores, o grupo reuniu cerca de 80 pessoas em um "coworking" (espaço compartilhado de trabalho) na avenida Paulista.

O texto rechaça "a disputa simplista entre Estado grande e mínimo", fala em buscar uma política de drogas oposta à atual "guerra" e defende "visão madura da economia de mercado".

O grupo, que é formado por voluntários de vários Estados e quer lançar 30 candidaturas em 2018, realizou atos simultâneos em mais sete capitais, com grupos menores de pessoas.

As outras cidades participaram do debate por meio de videoconferência. O evento foi transmitido ao vivo via internet.

Segundo o documento, a ideia de incentivar as candidaturas para o Legislativo é para ajudar a formar "um novo Congresso com a cara do Brasil".

"Queremos soluções para os problemas, independentemente se elas vêm da direita ou da esquerda", disse o consultor José Frederico Lyra Netto, 33, um dos líderes. Assim como parte dos outros fundadores, todos na faixa dos 30 anos, ele é ex-aluno da universidade Harvard, nos Estados Unidos.

"Estamos cansados dessa discordância que não leva a lugar nenhum", afirmou a pesquisadora Tábata Pontes, 23, também integrante da linha de frente.

Estiveram no local filiados a partidos como Rede, PT, PSDB, PSB e Podemos (ex-PTN). A ex-secretária de Educação do Rio de Janeiro Claudia Costin e o coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, também participaram.

O tom geral nos discursos, embora crítico à realidade do país, não foi de ataque direto a políticos ou partidos. Os participantes reclamaram do "momento em que o Brasil se encontra" e afirmaram que "a política é o único caminho para a transformação".

Adauto Modesto Júnior, 31, membro da coordenação nacional e também filiado ao PT, disse que "é preciso preservar legados e seguir adiante".

Funcionário público, com passagem por cargos no governo Dilma Rousseff, ele se diz afastado da vida partidária atualmente.

"Aqui [no Acredito] quero entrar nesse debate de como reestruturar o sistema político no Brasil. E vejo que não há projetos pessoais de poder, só uma vontade gigante de resgatar a nossa democracia, que está tão cambaleante."

EM REDE

O Acredito tem apoio da Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), criada pelo empresário Guilherme Leal, da Natura, e de outras fundações. Leal foi candidato a vice de Marina Silva (hoje na Rede, à época no PV) em 2010.

A Raps funciona como uma incubadora de "start ups" políticas.

Tábata Pontes enumerou no encontro 53 organizações e movimentos que apoiam a iniciativa da qual faz parte.

"Querem construir [o projeto] com a gente", disse ela, citando o grupo Quebrando o Tabu, a plataforma Avaaz, a USP, o Insper, a Câmara Municipal de São Paulo e a ONG Educafro, entre outros.


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