Folha de S. Paulo


Homem que se chama Michel Temer ri de piadas e é contra reforma trabalhista

Prazer, Michel Temer.

Num prédio da Lapa de Baixo, bairro da zona oeste de São Paulo, é possível ouvir a saudação sem enxergar à frente o presidente da República.

Homônimo da maior autoridade do país, o analista de sistemas Michel Temer Feres, 39, vive dias de fama —para o bem e para o mal. As brincadeiras vão desde ter sua presença anunciada ao microfone na quermesse da igreja até ouvir na rua alguns "fora, Temer" de críticos do governo.

Alheio às paixões políticas, ele ri da coincidência. Nascido em Lençóis Paulista (SP) e, como o político, descendente de libaneses, Feres não tem parentesco com o presidente.

Nos últimos tempos, o homônimo também já teve abreviada a passagem por uma blitz de trânsito ("O guarda falou: 'Ah, Michel Temer? Tá liberado!'") e chamou a atenção no hospital porque um médico gritou seu nome.

Jeitão sério e metódico (características que ele compara às do Temer do Planalto), Feres diz que não se junta aos que pedem a saída do presidente. Medo de perder a piada? "Não, é porque eu acho mesmo que ainda não dá para julgar. Prefiro esperar", diz, econômico nas respostas.

Discorda da pecha de "golpista" e "traidor" atribuída ao peemedebista por seus adversários. "Não foi nada planejado. Os fatos levaram a isso."

Mas critica a reforma trabalhista aprovada pelo governo. "Beneficia mais empregadores do que trabalhadores."

"Ele é reservado", aponta a mulher, a jornalista Katiuscia Teodoro, 34 (que às vezes, conta, é chamada de Marcela, o nome da primeira-dama).

Já Glauco Temer Feres, 43, advogado que é conhecido em Lençóis como "irmão do presidente", não se cala quando escuta um "fora, Temer".

"Eu apoio!", diz aos risos ele, que se lembra de ter estudado textos sobre direito constitucional do hoje presidente —que tem 7% de aprovação segundo o Datafolha.

Enquanto isso, o analista de sistemas alcança certa popularidade ao menos na igreja católica perto de casa, onde toca violão na missa uma vez por semana. Ele também faz aulas de guitarra e se inspira em ídolos como os músicos das bandas Metallica, Iron Maiden e Black Sabbath.


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