Folha de S. Paulo


MST diz que fica em fazenda de amigo de Temer até votação da denúncia

Os integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que invadiram a fazenda do coronel João Baptista Lima, amigo do presidente Michel Temer (PMDB), em Duartina, dizem que vão permanecer no local até o dia 2 de agosto. Nesta data está prevista a votação pela Câmara da denúncia contra o peemedebista, depois eles prometem sair pacificamente.

Os sem-terra aguardavam, até a publicação deste texto, a chegada da Polícia Militar para cumprir o mandado de reintegração de posse. A Justiça determinou a saída imediata do grupo ainda na terça (25) –o que não aconteceu. No fim da tarde de quarta-feira (26), a PM foi até o local notificar os manifestantes.

Segundo a Polícia Civil, um agricultor arrendatário das terras registrou boletim de ocorrência informando o furto de quatro cabeças de gado, que teriam sido abatidos para alimentar os acampados. A ocorrência, segundo o MST, é uma tentativa de incriminar a ação na fazenda e que o gado foi doado.

Os sem-terra permanecem na fazenda Esmeralda com as funções organizadas: grupos preparavam refeições, enquanto alguns se revezavam na limpeza, em atendimento médico, vigiavam as entradas e outros organizavam assembleias para definir as ações do dia.

Cerca de 800 militantes –agricultores usando bonés vermelhos do MST– dormem na propriedade, em barracas de camping ou em colchões no galpão de máquinas.

As paredes foram pichadas com frases como "Fora, Temer" e "Corruptos devolvam nossas terras". As invasões fazem parte da Jornada por Reforma Agrária, na qual a entidade iniciou uma estratégia de ações em terras de políticos e empresários que enfrentam acusações de corrupção.

O caseiro e o administrador estão na fazenda e disseram que não houve conflitos com os sem-terra. Esta é a quinta vez que a propriedade é invadida, a segunda delas pelo MST.

A defesa de Lima afirma que aguarda o cumprimento da ordem judicial. A Folha apurou que o coronel não visita mais sua fazenda há pelo menos dois meses, mas que telefonou ontem para a polícia de Duartina, que fica a 370 quilômetros de São Paulo, para se informar sobre a ocupação.


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