Folha de S. Paulo


Em prisão domiciliar, Andrea Neves se isola e não tem contato com Aécio

Pedro Silveira/Folhapress
BELO HORIZONTE, MG, 18.05.2017: ANDREA-NEVES - A irmã do senador Aécio Neves, Andrea Neves, chega ao Instituto Médico Legal de Belo Horizonte para exame de corpo de delito após ser presa em nova fase da Operação Lava Jato. (Foto: Pedro Silveira/Folhapress)
Andrea Neves em maio, ao chegar ao IMLl de Belo Horizonte para exame de corpo de delito

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e sua irmã Andrea Neves estão sem se comunicar mesmo após a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), que derrubou a restrição de contato entre o tucano e os demais investigados por suspeita de recebimento de propina da JBS.

No último dia 30, Marco Aurélio negou a prisão do senador e devolveu-lhe o mandato. Antes disso, em 20 de junho, a Primeira Turma do STF concedeu a prisão domiciliar a Andrea, que estava reclusa desde o dia 18 de maio em uma penitenciária na região leste de Belo Horizonte.

A decisão sobre Andrea, no entanto, veta a comunicação com outros investigados, além de obrigar a entrega de seu passaporte e o uso de tornozeleira eletrônica. A orientação de sua defesa é que os irmãos se mantenham afastados.

"Ela não pode ter contato. Vamos seguir rigorosamente o que foi estabelecido e que garantiu a ela a revogação da prisão preventiva", afirma o advogado Marcelo Leonardo, que defende a irmã do senador.

O processo de Andrea foi remetido pelo Supremo à Justiça Federal de São Paulo, já que ela não tem foro privilegiado. Marcelo Leonardo disse ainda que aguarda a distribuição da ação e a designação de um juiz para solicitar a permissão de convívio entre os irmãos.

Da mesma forma, a assessoria de Aécio informou que ele não manteve contato com a irmã. "Ele aguarda que também da parte dela essa questão fique devidamente esclarecida", afirma em nota.

Responsável por moldar a imagem pública do irmão e atuar em campanhas tucanas, a jornalista não tem recebido visitas políticas desde que saiu da prisão. Conforme noticiou o Painel, o discurso de defesa de Aécio no Senado na terça (4) foi o primeiro de sua carreira feito sem a consultoria de Andrea.

Segundo a Folha apurou, a ideia é que ela fique resguardada e evite encontros que possam ser questionados. Andrea, porém, tem contato com um pequeno círculo de assessores e amigos comuns com Aécio.

Mesmo na prisão, de onde saiu no último dia 22 durante a madrugada para evitar exposição, Andrea rejeitou receber visitas de políticos. Somente seu marido e advogados de sua equipe de defesa estiveram com ela no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto.

Em casa, a irmã do senador está abatida e chora com frequência. A jornalista cumpre prisão domiciliar em sua residência num condomínio fechado em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte —o mesmo local onde foi presa pela Polícia Federal.

Segundo relatou o empresário Joesley Batista, da JBS, em sua delação premiada, Andrea lhe pediu R$ 2 milhões. A PF filmou a entrega de malas de dinheiro a Frederico Pacheco, primo de Aécio.

Andrea foi denunciada por corrupção passiva com base na delação. Sua defesa diz que o pedido não se tratava de propina, mas de um empréstimo para pagar a defesa do senador na Lava Jato.


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