Folha de S. Paulo


Ao deixar liderança, Renan diz que Temer tem 'postura covarde'

Pedro Ladeira/Folhapress
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL)
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL)

O senador Renan Calheiros (AL) deixou nesta quarta-feira (28) a liderança do PMDB no Senado afirmando que não tolera o que classificou de "postura covarde" do presidente Michel Temer.

"Não detesto Michel Temer. Não é verdade o que dizem. O que eu não tolero é sua postura covarde diante do desmonte da consolidação do trabalho", disse.

A decisão de Renan foi tomada na manhã desta quarta depois de uma série de conversas com parlamentares do partido. Ao anunciar a renúncia ao cargo, o senador disse que estava "se libertando de uma âncora pesada e injusta".

"Convencido de que o problema do governo é o líder do PMDB, me afasto da liderança para expressar meu pensamento e exercer minha função com total independência", disse o peemedebista, indicando que manterá independência em relação ao governo.

Renan acusou o governo de "perseguir" os parlamentares que não "rezam a cartilha do governo" e disse não ter vocação para ser "marionete".

Em discurso que durou cerca de 15 minutos, o senador voltou a falar que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) continua influenciando o governo. Disse ainda que há indícios de que Cunha, inclusive, recebeu dinheiro, endossando indiretamente as acusações feitas pelo grupo JBS de que Temer teria comprado o silêncio do ex-deputado.

Renan lemrbou ainda dos rumores da última semana, de que Temer substituiria a advogada-geral da União, Grace Mendonça, por Gustavo Rocha, secretário de assuntos jurídicos da Casa Civil. Para ele, o fato é indicativo da influência do ex-presidente da Câmara, preso na Lava Jato. "Novamente a influência do Eduardo Cunha estava sendo levada a efeito para colocar na AGU quem funciona como seus olhos e ouvido no Palácio do Planalto", disse.

Na noite de terça-feira (27), Renan teve uma longa conversa com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), na qual relatou que "perdeu o ambiente" para se manter na liderança do partido.

Para Eunício, o gesto de Renan demonstra "grandeza" ao pedir para sair em nome da "unificação da bancada".

O encontro aconteceu depois de um discurso inflamado de Renan em plenário no qual ele afirmou que o presidente Michel Temer "faz de conta que governa". O peemedebista sugeriu ainda que Temer conduza sua saída do Palácio do Planalto.

A conversa resultou num bate-boca com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que devolveu a Renan as críticas feitas ao governo e à reforma trabalhista.

O PMDB define no fim desta quarta o novo líder do partido no Senado. Uma reunião está prevista para o início da noite.


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