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Renato Duque sairá da prisão após cinco anos, determina Moro

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Renato Duque, em audiência com Moro em 5.mai.2017
Renato Duque, em audiência com Sergio Moro, em maio

Na mesma sentença que condenou o ex-ministro Antonio Palocci, nesta segunda (26), o juiz Sergio Moro deu um significativo benefício ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque: estabeleceu que, mesmo condenado, ele sairá da prisão após cinco anos de regime fechado.

A determinação, inédita, vale para todos os processos a que Duque responde na Justiça Federal do Paraná -são 13 no total. Atualmente, suas penas, somadas, chegam a 62 anos e 11 meses de prisão.

O benefício, porém, está condicionado à celebração de delação premiada com o Ministério Público Federal, em negociação há meses.

"Foi muito bom para ele, mas queremos mais e seguimos lutando", disse à Folha o advogado de Duque, Antônio Figueiredo Basto.

O Ministério Público Federal informou que vai recorrer da concessão do benefício.

Para Moro, apesar da elevada culpabilidade, Duque "prestou algumas informações relevantes sobre o esquema criminoso por parte de terceiros", além de ter se comprometido a devolver 20 milhões de euros (quase R$ 75 milhões) que estão em contas secretas no exterior.

Em depoimentos a Moro, ele admitiu participação no esquema e acusou o ex-presidente Lula de ter "pleno conhecimento" da corrupção na Petrobras.

O benefício foi concedido com base na lei de lavagem de dinheiro, que dá liberdade ao juiz para conceder redução de pena a réus colaboradores ou confessos. Mas ele pode ser revogado caso o acordo com a Procuradoria naufrague ou se ficar comprovado que Duque mentiu, estabeleceu Moro.

O magistrado ainda determinou que Duque apresente, em dez dias, uma declaração de próprio punho de que abrirá mão do saldo das contas no exterior.

"Embora essas contas estejam bloqueadas e já sujeitas ao confisco, a renúncia aos saldos poderá ajudar a implementar o confisco e repatriar os valores", afirmou o juiz.

Na ação, Duque foi condenado a quatro anos de reclusão pelo crime de corrupção passiva.

Na mesma sentença, o juiz também preservou as penas dos acordos de delação de outros réus colaboradores, como Marcelo Odebrecht e João Santana.

Duque está preso no Paraná desde março de 2015. Em 2014, ele já havia ficado detido por três semanas.

Depoimento de Duque para Moro

Depoimento de Duque para Moro sobre Lula


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