Folha de S. Paulo


'Nada nos destruirá', diz Temer às vésperas de denúncia de Janot

Marlene Bergamo - 7.jun.2017/Folhapress
O presidente Michel Temer durante cerimônia no Planalto
O presidente Michel Temer durante cerimônia no Planalto

Em uma semana que deve ser decisiva para sua sobrevivência no cargo, o presidente Michel Temer fez um discurso forte e cheio de recados, ressaltando que nada o destruirá.

Para um plateia de empresários e comerciantes, ele disse que "não há plano B" no país e que é necessário seguir adiante. A fala foi feita durante sanção de proposta que autoriza diferenciações de preços nos meios de pagamento.

A expectativa é de que até terça-feira (27) o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente denúncia contra o presidente por corrupção passiva.

"Ninguém duvide, nossa agenda de modernização do Brasil é a mais ambiciosa de muito tempo. Tem sido implementada com disciplina e com sentido de missão. Não há plano B. Há de seguir adiante. Nada nos destruirá. Nem a mim, nem aos nossos ministros", disse.

No mesmo dia em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu que o peemedebista encurte seu mandato, o presidente disse que nem todos entendem bem as iniciativas da gestão peemedebista.

"Às vezes, as pessoas tomam outros caminhos, mas vamos produzindo pelo país", afirmou.

O peemedebista ressaltou que o governo dele é "de transição" e que apenas ele tem a capacidade de implementar medidas que outras gestões não fariam diante da preocupação com questões eleitorais.

"Nós estamos fazendo uma transição para que quem vier depois pegue um país nos trilhos do crescimento", afirmou.

No discurso, o presidente também reconheceu que a reforma previdenciária "deu uma parada", mas que será retomada. A nova previsão do Palácio do Planalto é de que fique apenas para agosto.

A medida provisória assinada pelo presidente autoriza a diferenciação de preços conforme o meio de pagamento no comércio varejista. As pessoas que pagarem à vista com cartão ou dinheiro poderão ter maior desconto.

SORRISO

No início da noite, após cerimônia de recebimento de cartas diplomáticas, o presidente foi perguntando se iria seguir o conselho dado por FHC e encurtar seu mandato.

O peemedebista não respondeu à pergunta, mas tentou demonstrar que não se preocupou com a declaração do tucano. Ele se virou para a imprensa e sorriu. "Olha o sorriso", disse.

Neste domingo (25), o presidente mobilizou uma tropa de choque governista para tentar barrar a denúncia contra ele já na primeira quinzena de julho.

Caso não seja possível liquidar a fatura antes do início do recesso parlamentar, que começa em 18 de julho, a base aliada articula o adiamento, segurando a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).

SOVIÉTICOS

No discurso, o presidente lembrou da viagem que fez à Rússia, na semana passada, e se referiu aos empresários e empreendimentos locais como "soviéticos".

"Estive agora em Moscou e verifiquei o interesse extraordinário dos empreendimentos soviéticos. O deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS) esteve lá e verificou o interesse de empresários soviéticos e noruegueses pelo que está acontecendo no país", disse.

Não é a primeira fez que a gestão peemedebista comete gafe em relação à Rússia. Na semana passada, o site oficial da Presidência da República chamou a Rússia, cujo nome oficial hoje é Federação Russa, de República Socialista Federativa Soviética da Rússia.

A alcunha passou a ser utilizada em 1917, quando o país europeu se tornou uma nação socialista, e foi trocada para Federação Russa em 1991, pouco antes da dissolução da União Soviética.

A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto reconheceu o equívoco. Segundo ela, tratou-se de um "erro humano" que foi consertado no mesmo dia.

O caminho da denúncia


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