Folha de S. Paulo


Líderes de movimentos de direita e esquerda querem concorrer em 2018

Marlene Bergamo - 21.set.2015/Folhapress
Kim Kataguiri, líder do Movimento Brasil Livre
Kim Kataguiri, líder do Movimento Brasil Livre

"Ele é um dos fundadores e líderes do Movimento Brasil Livre, um grupo libertário que promove valores do livre mercado em oposição ao Partido dos Trabalhadores", anuncia o "Liberty Fest", seminário de vertente liberal que aconteceu no último fim de semana em uma escola de negócios em Varsóvia, na Polônia. O palestrante convidado é figura conhecida no Brasil: Kim Kataguiri.

Entre palestras, consultorias e a coordenação do MBL, que o alçou a celebridade nas redes, Kim quer desembarcar de vez em outra cidade –Brasília. À reportagem ele conta que será candidato a deputado federal em 2018.

O partido, entretanto, ainda não está definido. Kim aguarda o desenrolar da reforma política para avaliar as opções, já que, caso aprovada, a cláusula de barreira limitará o funcionamento das legendas que não obtiverem 2% dos votos válidos para deputado.

Assim, partidos menores como o Novo, o Podemos e o PV estão ameaçados.

Kim não é o único a tentar a carreira política. O jovem diz que o MBL, que elegeu sete vereadores em 2016, pretende sair das próximas eleições com 15 deputados federais e outros 15 estaduais.

Outra liderança que deve seguir este caminho é Carla Zambelli, do movimento Nas Ruas, fundado em 2011 sob a bandeira do combate à corrupção. Ela está dividida entre o DEM e o Novo para uma possível candidatura à Câmara dos Deputados.

Ainda que o grupo tenha sido criado após o escândalo do mensalão do DEM, em 2007, Carla diz acreditar que "há uma cultura de não manter dentro da legenda pessoas envolvidas com corrupção de forma escancarada".

"O PSDB nem considera a possibilidade de expulsar o Aécio Neves. Isso já faz com que eu descarte o partido", afirma.

Ela conta que pensa em entrar na política porque "agora as mudanças só podem ser feitas de dentro" e por ter tido a carreira "anulada".

"Algumas pessoas entraram para os movimentos já pensando em se candidatar. O meu caso foi diferente. Nenhuma empresa quer contratar uma pessoa que tem um inquérito policial aberto na Polícia Federal [em 2016, Carla foi responsável por levar dois bonecos infláveis a uma manifestação, representando o então presidente do STF, Ricardo Lewandowski, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot]", diz.

Rogério Chequer, líder do Vem pra Rua, fundado em 2014, explica que nos últimos meses o grupo se reorganizou em torno da luta anticorrupção e da renovação política.

Questionado se ele próprio faria parte desta renovação em 2018, Chequer afirma que ainda não decidiu sobre candidatura.

Segundo o presidente do Novo, João Amoêdo, o partido não tem uma estratégia específica para atrair lideranças desses movimentos, mas a filiação é incentivada.

"Acho interessante receber essas figuras porque são alinhadas ao que defendemos", afirma o dirigente partidário.

Luis Ushirobira - 16.jun.2015/Valor
Carina Vitral, ex-presidente da UNE e filiada ao PCdoB
Carina Vitral, ex-presidente da UNE e filiada ao PCdoB

ESQUERDA

Do outro lado do espectro ideológico, Carina Vitral, ex-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) e um dos nomes mais influentes entre a juventude de esquerda, será candidata a deputada estadual pelo PC do B, partido ao qual ela é filiada desde 2007.

No ano passado, Carina ficou em segundo lugar na disputa pela prefeitura de Santos, com 6,61% dos votos, derrotada pelo prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), que teve 77,74%.

Apesar dos boatos e da expectativa do eleitorado de esquerda, Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto, nega que esteja considerando se candidatar.


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