O advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira, que defende Michel Temer (PMDB), afirmou nesta quinta-feira (22) que, se a perícia da Polícia Federal não apontar adulteração na gravação que o empresário Joesley Batista fez do presidente, "preocupará".
"Se a perícia não mostrar nada, fica difícil", afirmou. Mariz afirmou que o laudo contratado pela defesa de Temer, e os publicados pela Folha e o jornal "Estado de S.Paulo" permitem afirmar que a fita é "falseada, adulterada".
Em palestra na Casa do Saber, em São Paulo, Mariz criticou o STF (Supremo Tribunal Federal) por ter formado maioria no sentido de validar a delação premiada da JBS, que para ele violou a lei ao conceder perdão a Joesey e outros executivos.
"Me espanta que o Supremo tenha lavado as mãos", afirmou o advogado. Ele disse que não se surpreendeu com a permanência do ministro Edson Fachin na relatoria do caso.
Mariz fez críticas ao acordo celebrado com a JBS, que segundo ele concedeu impunidade como prêmio aos delatores sem que o Ministério Público tenha atribuição para isso.
Ao se referir ao áudio que Joesley fez de Temer, disse com ironia: "O presidente da República que se dane! Estamos diante de um estado de anomia social, de absoluta falta de regras".
Mariz atacou o uso da pena de prisão no combate à corrupção em vez de multa e defendeu medidas preventivas. "Empresários estão sendo presos. Ingênuo de quem achar que corrupção acabou, ingênuo de quem pensa que não se tenta mais levar vantagem."
O advogado não poupou críticas ao Judiciário, ao Ministério Público, à imprensa e à sociedade por uma sanha punitivista. "Parece que se a Justiça inocenta, não fez justiça", disse.
Mariz voltou a criticar a Lava Jato.
"A Lava Jato vai acabar, um dia ela termina, mas o efeito imediato é terrível. Os juízes jovens querem ser os novos Moros [em referência a Sergio Moro], acham que são combatentes do crime, um grande erro", afirmou. "A sociedade precsia ser alertada de que um dia precisará de princípios."
"Hoje me preocupei muito com a decisão do Supremo ao dizer que delação premiada não pode ser anulada. Na verdade, o Supremo está se despojando de um direito-obrigação que ele tem, que é o de dizer o Direito."