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Tensão arrefece, e Alckmin retoma agenda para 2018

Marivaldo Oliveira/Código19/Folhapress
Desviado o foco das delações da Odebrecht, Alckmin reforçou conversas para eleição presidencial
Desviado o foco das delações da Odebrecht, Alckmin reforçou conversas para eleição presidencial

O céu visto do Palácio dos Bandeirantes se desanuviou e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) voltou a por os pés na rua para viabilizar sua campanha à Presidência.

Com o foco desviado das delações da Odebrecht, que o atingem, para as da JBS, que feriram gravemente o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a tensão no entorno do tucano arrefeceu, e a agenda nacional foi reforçada.

Também contribui para o humor de Alckmin a mudança de atitude do prefeito João Doria (PSDB), que aliviou, ao menos momentaneamente, a ambiguidade em relação a seus planos nacionais.

Mas política é como nuvem, como disse Magalhães Pinto. Caso o STJ (Superior Tribunal de Justiça) abra inquérito contra Alckmin por uso de caixa dois, o tempo pode voltar a fechar.

O tucano é acusado de ter recebido R$ 10,3 milhões não declarados em suas campanhas ao governo em 2010 e 2014 –na primeira, seu cunhado teria intermediado a transação, um complicador para sua defesa. Alckmin nega as irregularidades.

Por enquanto, a aposta continua alta. No último domingo (17), ele passou a tarde na casa do advogado pernambucano Heleno Torres em São Paulo acompanhado de quase 20 congressistas de diferentes partidos, muitos do Nordeste, para debater o país.

A uma plateia composta pelo vice-governador de Pernambuco, Raul Henry (PMDB), o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), Jorge e Paulo Bornhausen, entre outros, Alckmin evitou se mostrar pessimista, defendeu novas rodadas de conversa e ouviu análises da conjuntura.

Do deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), também presente, pediu dados detalhados sobre o Nordeste. Escutou que, dos últimos 40 anos, a crise atual é a mais complicada, motivo pelo qual é necessário reforçar projetos construídos com tempo.

"Se estrangula, vai para o imponderável", disse Jarbas. "Temos um quadro um tanto quanto pobre. Aécio com esses problemas surgidos, o nome de Alckmin desponta."

Diante do comedimento do tucano em externar opiniões, um dos presentes defendeu reservadamente que seus interlocutores se acostumem logo com seu estilo.

Aliados de Alckmin traçam diferentes cenários, mas a aposta é que o calendário eleitoral será mantido, sem antecipação de eleições gerais em 2017 nem escolha indireta com eventual saída de Michel Temer (PMDB).
Nos cenários heterodoxos, a avaliação é que o tucano não se sairia bem, sem apetite para negociar no Congresso.

Agora, se mantido o cronograma, alckmistas apostam em uma rede de cerca de 15 governadores e dez partidos próximos.


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