Folha de S. Paulo


Com mais espaço, construtoras médias se tornam alvo no Rio

Paulo Lisboa -27.abr.2017/Brazil Photo Press/Folhapress
O ex-governador Sérgio cabral e a mulher, Adriana Ancelmo
O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral

De olho no vácuo deixando pelas grandes empreiteiras abatidas pela Operação Lava Jato, construtoras médias também estão no alvo das investigações no esquema de corrupção montado, segundo o Ministério Público Federal, pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

Ao menos 17 construtoras e empresas de engenharia médias ou pequenas constam em depoimentos e documentos obtidos ao longo da investigação.

A principal fonte das suspeitas são bilhetes apreendidos na casa de Luiz Carlos Bezerra e Wagner Jordão Garcia, responsáveis pelo recolhimento de propinas da quadrilha segundo as investigações. Os papéis eram usados para controlar o recebimento e distribuição da propina recolhida no esquema.

Uma das empresas que constam dos documentos, a FW Engenharia já foi alvo de denúncia do MPF. O diretor da empreiteira Flávio Werneck é acusado de repassar entre 2011 e 2013 R$ 1,3 milhões em propina para Cabral. Ela obteve na gestão do peemedebista R$ 303,6 milhões em contratos.

Após três anos de Lava Jato, as principais construtoras do país vêm sofrendo dificuldades financeiras. Empresas médias e pequenas do setor vêm se estruturando para ocupar parte do espaço deixado por essas empreiteiras.

O grupo chinês CCCC adquiriu no ano passado 80% da Concremat Engenharia, especializada em projetos e engenharia consultiva, com o objetivo de entrar com força no mercado nacional.

Tendo assinado R$ 110 milhões em contratos com a gestão Cabral, a Concremat aparece num dos bilhetes apreendidos com Garcia, ex-funcionário da Secretaria de Obras.

À Procuradoria Bezerra disse que ia ao apartamento de Maciste Granha de Mello Filho, sócio da Macadame, construtora que somou R$ 103 milhões em contratos na administração do peemedebista. Segundo Bezerra, os valores recolhidos com o empresário variavam de R$ 100 mil a R$ 200 mil.

A lista de empreiteiras citadas nos bilhetes e documentos inclui também a Dimensional Engenharia, que vem crescendo no Rio, e a JRO, do empresário Cláudio Vidal, amigo do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB).

OUTRO LADO

A Concremat afirmou em nota "que jamais efetuou qualquer pagamento ilícito, desconhece o contexto em que seu nome foi apontado nas anotações e repudia qualquer insinuação de envolvimento em operações irregulares".

A FW Engenharia e a Dimensional afirmaram, via assessoria de imprensa, que não comentaria o caso. A Construtora Macadame e a JRO não retornou as ligações da reportagem.


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