Folha de S. Paulo


Encontro de ex-procurador-geral de MG antes de operação gera polêmica

Pedro Silveira - 18.mai.2017/Folhapress
BELO HORIZONTE, MG, 18.05.2017: ANDREA-NEVES - A irmã do senador Aécio Neves, Andrea Neves, chega ao Instituto Médico Legal de Belo Horizonte para exame de corpo de delito após ser presa em nova fase da Operação Lava Jato. (Foto: Pedro Silveira/Folhapress)
A irmã do senador Aécio Neves, Andrea Neves, no dia em que foi presa, em Belo Horizonte, em maio

No dia 17 de maio, véspera da prisão de Andrea Neves, a irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu em seu escritório os ex-procuradores-gerais de Justiça Alceu José Torres Marques e Carlos André Mariani Bittencourt.

Andrea comandou o núcleo de comunicação nos governos do PSDB, exercendo influência em secretarias de Estado e órgãos públicos mineiros.

O encontro realimentou a imagem de que o Ministério Público do Estado blindou as administrações tucanas nas gestões dos procuradores-gerais Jarbas Soares (2005-2008), Marques (2008-2012) e Bittencourt (2012-2016). Os três negam.

"Estive, por diversas vezes, com os senadores Antônio Anastasia, Zezé Perrella e Aécio Neves, inclusive com a irmã deste último na véspera de sua prisão. Até então ela era mais uma pessoa no universo político existente", diz Bittencourt.

Ele diz que "logicamente" não tinha nenhum conhecimento sobre "os eventos iminentes".

Alceu Marques disse que foi conversar com Andrea sobre projetos de meio ambiente e diz que não houve nenhuma blindagem ao governo. "Eu tinha que trocar uma impressão com a Andrea, ela me convidou para ir lá", afirmou.

O advogado de Andrea, Marcelo Leonardo, diz que foi "uma visita de cortesia, sem pauta, de pessoas conhecidas".

Jarbas Soares diz que "não é verdade que houve blindagem do MP a Aécio Neves, porque a atribuição para investigar e processar senadores e governadores é, e sempre foi, do procurador-geral da República".

Soares chefiou o Ministério Público do Estado quando Aécio era governador e Fernando Pimentel (PT), prefeito de Belo Horizonte. "Estranha-me que não atribuam também uma suposta blindagem ao então prefeito", diz.

Membros da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público ficaram contrariados por inquéritos que apuravam suspeitas no governo tucano terem sido transferidos e arquivados pela Procuradoria-Geral.

"Em algumas situações de que participei essas questões foram contestadas, levadas ao CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público], ao Conselho Superior e eu fico feliz em dizer que eu não tive nenhum voto contra. Todas as decisões foram unânimes no sentido de que a investigação deveria ser da Procuradoria-Geral", diz Alceu Marques.


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