Folha de S. Paulo


Joesley teve Temer, Mantega e Marta em seu casamento e depois os delatou

Michel Temer, Guido Mantega e Marta Suplicy estiveram com Joesley Batista na alegria e na tristeza.

O trio foi à igreja Nossa Senhora do Brasil, uma das mais tradicionais de São Paulo, quando o empresário trocou alianças da grife Tiffany's com a jornalista Ticiana Villas Boas, em 2012. Cinco anos depois, o dono da JBS não se esqueceu dos três convidados de seu casamento ao aderir à delação premiada.

Se hoje os peemedebistas Temer e Marta e o petista Mantega integram a lista negra de Joesley, eram vice-presidente e ministros da Cultura e da Fazenda de Dilma Rousseff quando dividiram o RSVP do casório com outros políticos graúdos.

Alguns deles são também alvo da Lava Jato: o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o deputado Paulinho da Força (SD) foram implicados por executivos da Odebrecht.

Outro apareceu na delação de Wesley Batista, irmão de Joesley: o ex-senador e ex-petista Delcídio do Amaral, que foi preso em 2015 (já foi solto) e virou ele também um delator.

"Uma noite plena de magia e romantismo emoldurou a boda de Joesley e Ticiana", narrou a "Caras", uma das várias revistas de celebridades a se fartar com a cerimônia religiosa e a festança que se seguiu, no pátio de um escritório da JBS na marginal Tietê.

De Goiás (como o noivo) veio a dupla Bruno & Marrone, que além do casamento já embalou festas privadas dos irmãos Batista. Baiana (como a noiva), Ivete Sangalo cantou depois das 2h –e chamou Joesley de João.

Só depois dos shows os recém-casados subiram ao palco. Joesley protagonizou a cena mais marcante da noite: após a esposa jogar o buquê, anunciou que daria algo "que as mulheres adoram" e lançou à plateia de 1.500 convidados uma bolsa Chanel com paetês.

Tão grande era o público que Alckmin ficou de pé na igreja, sem assento. Já a senadora Marta tem lugar cativo na vida do casal.

Dois anos depois do matrimônio, foi convidada para o chá de bebê do primeiro filho de Ticiana e Joesley, em Salvador. Em 2015, recebeu-os em seu aniversário de 70 anos. Na ocasião, às vésperas de trocar PT por PMDB, dizia, segundo o site "Glamurama": "Após errar tanto, finalmente me sinto feliz".

Com menos júbilo recebeu a notícia de que Joesley a mencionara em seu depoimento à Procuradoria-Geral da República. Os dois se conheceram em 2010, por intermédio de Antonio Palocci. Joesley conta ter pago mesada de R$ 200 mil a ela por 15 meses e dado R$ 1 milhão à sua campanha para o Senado em 2014 (metade seria caixa dois).

Marta nega contravenções, assim como Temer (gravado pelo empresário num áudio comprometedor ) e Mantega (apontado como contato com o PT e facilitador para negócios da JBS dentro do BNDES).

O grupo de Joesley era um dos "campeões nacionais" do banco quando ele pediu a mão de Ticiana, na cratera de um vulcão da Tanzânia. Com sapatos da grife Tom Ford, o empresário caminhou até o altar e lá disse sim à noiva, de vestido Chanel feito na "maison" parisiense, com camélias bordadas à mão. "Todos os dias a quero mais que ontem", o empresário se declarou.

VIDA FLORIDA

Prestadores de serviço hoje preferem anonimato para não se associar à cerimônia "mais top do ano", como a descreveu à Folha um dos convidados.

Já na entrada da festa, uma parede com mais de 50 mil orquídeas brancas. No menu, bombons com as iniciais do casal (T & J) e um bolo de seis andares da doceria Pati Piva (que cobra, por modelo similar, R$ 5.500); prato à base de carne seca (não se sabe se Friboi) do buffet Fasano e "open bar" de bebida.

A expectativa pela presença da presidente Dilma e de seu antecessor Lula era grande, mas não se concretizou. No comando do país, petistas –como o então presidente da Câmara, Marco Maia– formavam a maior bancada do casório.

Engrossou a ala tucana o ex-secretário paulista da Fazenda Andrea Calabi, padrasto de Luciano Huck –de quem Joesley comprou uma casa em Angra dos Reis meses depois (fechou negócio no mesmo dia em que visitou a residência, quando ele, Huck e o Bruno da dupla sertaneja tiraramfotos a bordo de um iate ).

Com três anos de casada, Ticiana reproduziu no Instagram uma manchete da Folha junto à legenda "que país é esse?!": então na Presidência da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) acatara o pedido de impeachment de Dilma.

Após a delação explosiva de seu marido, seu perfil foi inundado por comentários como "agora acho difícil ela ostentar com o maridão propineiro, kkkkkkk".


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