Folha de S. Paulo


Ação da PF investiga operações financeiras da Petrobras na África

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Rio de Janeiro - RJ - Economia - 19/04/2016 - Prédio sede da Petrobras - Avenida Chile, Centro do Rio de Janeiro - Foto: Reginaldo Pimenta/Raw Image ORG XMIT: Luciano Leon *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
Sede da Petrobras, no Rio; operação apura compra de direitos de exploração de petróleo na África

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta (26) a 41ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Poço Seco.

A investigação busca identificar os beneficiários de propina num contrato de compra de um poço de petróleo em Benin, na África –de onde teria vindo o dinheiro que rendeu uma condenação ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apontado como beneficiário de US$ 1,5 milhão.

Os alvos desta fase eram outros destinatários da propina, segundo a investigação, e receberam os valores em contas ocultas na Suíça e nos Estados Unidos.

Entre eles, estão o ex-gerente da Petrobras Pedro Augusto Xavier Bastos, que foi preso preventivamente; o banqueiro José Augusto Ferreira dos Santos, que era dono do BVA; Fernanda Luz, filha do operador Jorge Luz, preso na Lava Jato; e quatro empresários.

"É uma operação relativamente pequena, mas é justamente delas que surgem as melhores provas", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.

Todos os alvos receberam parte dos US$ 10 milhões em propina que teriam sido negociados no contrato de Benin, segundo o Ministério Público Federal –o equivalente a quase 30% do valor total do negócio.

Os investigadores ainda irão apurar por que motivos os suspeitos receberam os valores: se atuaram no fechamento do negócio ou se teriam ajudado na lavagem do dinheiro, repassando os recursos para outros beneficiários.

O nome Poço Seco é uma referência aos resultados negativos do investimento realizado pela estatal na aquisição de direitos de exploração de poços de petróleo em Benin.

"Nem uma gota de petróleo foi retirada do poço", disse o delegado Igor Romário de Paula.

Os investigados são suspeitos dos crimes de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, entre outros. Os presos serão levados para a sede da Polícia Federal em Curitiba.

EQUIPE

Durante entrevista coletiva, os investigadores se queixaram da redução do efetivo da Polícia Federal na Lava Jato.

Nesta semana, o número de delegados dedicados ao caso em Curitiba caiu de nove para quatro, e também houve redução nos agentes. Para a procuradoria, o corte é "incompreensível".

"É muito difícil dar continuidade para o trabalho da forma satisfatória como sempre foi", disse o delegado Igor Romário de Paula. Ele atribuiu a redução ao aumento de demandas da operação em outros Estados, como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

Paula, porém, disse que "não vê indícios de qualquer influência para barrar a investigação".

Em nota divulgada nesta semana, a direção da PF informou que o efetivo atual "está adequado à demanda existente", e reafirmou o "compromisso público de trabalhar no combate à corrupção".

ÁFRICA

Em março, o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, condenou o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas. Somadas, as penas chegam a 15 anos e quatro meses de prisão.

Ele é acusado de US$ 1,5 milhão na aquisição de direitos de exploração de Petróleo pela Petrobras em Benin, ação investigada nessa fase.

Além do recebimento do dinheiro, Cunha também foi condenado por ter ocultado os valores entre 2011 e 2014, enquanto era deputado, segundo o juiz.

OUTRO LADO

A reportagem ainda não conseguiu fazer contato com a defesa dos alvos desta operação.


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