Folha de S. Paulo


Delações da JBS geram pedidos de impeachment contra governadores

Estelita Hass Carazzai - 27.out.14/Folhapress
O governador de MS, Reinaldo Azambuja (PSDB), alvo de três pedidos de impeachment
O governador de MS, Reinaldo Azambuja (PSDB), alvo de três pedidos de impeachment

Além do presidente Michel Temer (PMDB), quatro governadores já foram alvos de pedidos de impeachment por causa de acusações feitas nas delações premiadas dos donos e executivos da JBS.

Em uma semana, os governadores de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Ceará e Mato Grosso do Sul tiveram o impeachment pedido às Assembleias Legislativas.

Reinaldo Azambuja (PSDB-MS) e Camilo Santana (PT-CE) são acusados de terem recebido propina da JBS para bancar campanhas eleitorais em troca de benefícios fiscais.

A campanha do petista teria recebido R$ 20 milhões da JBS em troca de créditos de ICMS que teriam sido concedidos durante a gestão de seu aliado, o ex-governador cearense Cid Gomes (PDT). Ele nega qualquer relação entre o benefício e as doações.

Já Azambuja, alvo de três pedidos de impeachment, é acusado pelos executivos da JBS de receber R$ 10 milhões em doação oficial em troca de descontos tributários. Em nota, o tucano diz que "todos os incentivos concedidos foram feitos dentro da política de incentivo fiscal estadual".

Em Santa Catarina, o governador Raimundo Colombo (PSD) foi alvo de dois pedidos de impeachment nesta semana.

Ele foi acusado pelo diretor da J&F Ricardo Saud de receber R$ 10 milhões em propina em troca de favorecimento numa licitação da Companha de Água e Esgoto de Santa Catarina. Do total, R$ 8 milhões teriam sido repassadas em doações oficiais e R$ 2 milhões, em caixa 2.

O governador classificou acusação de "irresponsabilidade absurda" e afirmou que não há nenhuma prova.

No Rio Grande do Sul, o governador José Ivo Sartori (PMDB) foi alvo de pedido de impeachment feito pelo Cpers, sindicato que representa os professores estaduais.

O governador é acusado de ter recebido R$ 1,5 milhão de propina da JBS para a campanha de 2014 a pedido do senador Aécio Neves (PSDB).

Em entrevista à imprensa local, Sartori disse que a doação da JBS para a campanha "foi declarada e com recibo, dentro da legalidade".

PRESIDENTES ALIADOS

Como no caso do presidente Michel Temer, a avaliação de aliados dos governadores é que os pedidos não devem prosperar. Os quatro gestores têm maioria na Assembleia e são aliados dos presidentes das Casas Legislativas, a quem cabe aceitar e fazer tramitar os pedidos.

No Ceará, por exemplo, o presidente da Casa, Zezinho Albuquerque (PDT) indeferiu o pedido dois dias depois de ele ter sido protocolado pelo deputado oposicionista Capitão Wagner (PR), que recorreu.

"Vamos mobilizar a população para pressionar os deputados. Há uma série de evidências de que o ex-governador Cid Gomes participou dessa maracutaia em prol da campanha do governador Camilo Santana", diz Wagner.

Além do conteúdo das delações, o deputado estadual afirma que houve crime de responsabilidade do governador ao não apurar a conduta nem afastar dois secretários do governo do Estado também citados na delação dos executivos da J&F.

Em SC, os pedidos de deposição foram protocolados pela bancada do PSOL na Câmara de Vereadores de Florianópolis e por 32 pessoas ligadas ao Fórum de Luta em Defesa dos Servidores Públicos do Estado.

Ambos aguardam aval do presidente da Assembleia Legislativa, onde o governador tem uma base aliada composta por 30 dos 40 deputados. Procurado pela reportagem, o presidente Silvio Dreveck (PP) disse que só falaria sobre o assunto após uma análise dos pedidos.

No fim de semana, a OAB-SC cobrou explicações do governador sobre as acusações dos executivos da JBS e não descartam também pedir o impeachment do governador.

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Pedro Ladeira - 15.mai.14/Folhapress

RAIMUNDO COLOMBO (PSD)
- Acusação: Governador é acusado de receber R$ 10 milhões em propina em troca de favorecimento na licitação da Companha de Água e Esgoto de Santa Catarina. Do total, R$ 8 milhões teriam sido repassados em doação oficial e R$ 2 milhões em caixa 2.
- Defesa: Governador classificou acusação como "irresponsabilidade absurda" e disse que não há nenhuma prova

Alan Marques - 26.ago.2016/Folhapress

JOSÉ IVO SARTORI (PMDB)

- Acusação: Governador é acusado de ter recebido R$ 1,5 milhão de propina da JBS, em forma de doação oficial, para a campanha de 2014 a pedido do senador Aécio Neves (PSDB)
- Defesa: Governador afirma que a doação da JBS para a campanha "foi declarada e com recibo, dentro da legalidade". "Repudio qualquer tentativa de me envolver nesse caso. Nunca participei desse mar de lama"

Alan Marques - 2.mar.2016/Folhapress

CAMILO SANTANA (PT)

- Acusação: A campanha de do governador Camilo Santana teria recebido R$ 20 milhões em propinas da JBS a pedido do então governador Cid Gomes (PDT). Em troca, o governador teria liberado R$ 110 milhões em créditos de ICMS para a JBS
- Defesa: O ex-governador Cid Gomes afirmou que a liberação dos créditos do ICMS não tem nenhuma relação com doações de campanha. Governador diz que confia no aliado

Reprodução

REINALDO AZAMBUJA (PSDB)
- Acusação: O governador foi acusado de receber R$ 10 milhões em propina por meio de doações oficiais em troca de descontos em impostos estaduais
- Defesa: Governador afirmou que prestará contas dos atos da sua gestão. "Todos os acordos de incentivos fiscais de MS foram feitos dentro da política de incentivo fiscal estadual, que tem como objetivo garantir isonomia nos segmentos"


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