Folha de S. Paulo


Tratamento dado à minha mulher é absurdo, diz Cabral em depoimento

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Cabral durante depoimento a Sergio Moro, em abril
Cabral durante depoimento a Sergio Moro, em abril

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), preso sob acusação de corrupção, se queixou das denúncias feitas contra a sua mulher, Adriana Ancelmo, e as suspeitas sobre o escritório de advocacia da ex-primeira-dama.

Em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, ele repetiu a versão dada ao juiz Sergio Moro sobre a origem dos recursos usados para compras feitas em dinheiro e joalherias. Afirmou ter utilizado sobras de caixa dois de campanha.

Seguindo a mesma estratégia, Cabral eximiu a mulher de qualquer responsabilidade. Disse ter adquirido com as joias "em datas comemorativas para presenteá-la" e declarou que ela não conhecia a origem do dinheiro.

Num depoimento curto e monossilábico –diferente do prestado a Moro–, Cabral só estendeu sua fala ao criticar as suspeitas sobre a atividade do escritório da mulher.

"Me causa espécie ver o tratamento dado a ela. Uma maneira absurda. Um escritório que existia, trabalhava, realizava seus serviços. Jamais interferi no dia a dia do escritório dela, e jamais ela interferiu no meu trabalho", afirmou.

"Conheci a Adriana como profissional liberal, com seu escritório já estabelecido. E ela me conheceu já como parlamentar, presidente da Assembleia Legislativa. Seguimos respeitando nossas individualidades."

Cabral depôs pela primeira vez para Bretas, responsável por oito ações penais contra ele –há apenas um processo em Curitiba, totalizando nove.

O processo no qual prestou depoimento nesta quarta refere-se ao suposto pagamento de propina por parte da Andrade Gutierrez. De acordo com o Ministério Público Federal, ele cobrou 5% de vantagens indevidas sobre os contratos da empreiteira.

O ex-governador negou que tenha pedido propina. Ele só respondeu aos questionamentos de sua defesa e de Adriana Ancelmo.


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