Folha de S. Paulo


Ministro da Defesa critica 'baderna' e anuncia Exército na Esplanada

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, classificou nesta quarta-feira (24) como "baderna" e "descontrole" os episódios de vandalismo e depredação em protesto em Brasília e solicitou reforço das Forças Armadas para controlar a situação na Esplanada dos Ministérios.

Em pronunciamento feito a pedido do presidente Michel Temer, o ministro disse que as manifestações "degringolou para violência, vandalismo, desrespeito, agressão e ameaça".

Segundo ele, as tropas federais que estavam no Palácio do Planalto e no Palácio do Itamaraty seriam deslocadas para outros prédios ministeriais.

"O presidente ressalta que é inaceitável a baderna, o descontrole e que ele não permitirá que atos como esse venham a turbar um processo que se desenvolve de maneira democrática e em respeito às manifestações", disse. Jungmann afirmou em seguida que as tropas serão usadas para a segurança dos prédios públicos, e não para a repressão de manifestantes.

Temer assinou decreto em edição extra do "Diário Oficial" da União que autoriza o emprego das Forças Armadas até a próxima quarta-feira (31) para a garantia da lei e da ordem no Distrito Federal.

O protesto foi organizado por centrais sindicais e movimentos de esquerda pela saída do presidente, contra as reformas da previdenciária e trabalhista e a favor da convocação de eleições presidenciais diretas.

O confronto entre manifestantes e PMs começou por volta das 13h30 e durou cerca de quatro horas. Foram disparadas bombas de gás e de efeito moral. A cavalaria da PM chegou a investir contra os manifestantes, que responderam jogando pedras e paus.

Foram depredadas as fachadas de ao menos sete ministérios (Planejamento, Saúde, Fazenda, Cultura, Trabalho, Ciência e Tecnologia e da Agricultura), e o governo ordenou que todos os prédios da Esplanada fossem esvaziados. Segundo a Secretaria de Segurança do DF, quatro pessoas foram detidas. Ainda não há informações oficiais sobre o total de pessoas feridas.

RODRIGO MAIA

Jungmann atribuiu ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o pedido de convocação das Forças Armadas.

"Atendendo à solicitação do senhor presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mas também levando em conta fundamentalmente que uma manifestação que estava prevista como pacifica, ela degringolou na violência, no vandalismo, no desrespeito, na agressão ao patrimônio público, na ameaça às pessoas –muitas delas servidores que se encontram aterrorizados e que estamos neste momento garantindo a sua evacuação– o senhor presidente da República decretou, repito, por solicitação do presidente da Câmara, uma ação de garantia da Lei e da Ordem", anunciou o ministro.

Maia foi questionado por parlamentares de oposição sobre sua responsabilidade na convocação das Forças Armadas. Aos jornalistas o presidente da Câmara disse que seu pedido foi apenas pela Força Nacional de Segurança Pública.

"Eu pedi apoio da Força Nacional. Se o governo encaminhou algo de tamanho maior, aí é uma posição do governo", afirmou Rodrigo Maia.

Procurado pela Folha, o governo federal reafirmou o pedido de Rodrigo Maia e informou que o efetivo da Força Nacional disponível em Brasília já havia sido utilizado. Por isso, e devido ao tamanho da manifestação, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e o Ministério da Defesa decidiram que as Forças Armadas seriam mais efetivas.

As operações da garantia da lei e da ordem, invocadas pelo ministro, concedem provisoriamente aos militares a faculdade de atuar com poder de polícia até o restabelecimento da normalidade.

"Fica autorizado o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem no Distrito Federal, no período de 24 a 31 de maio de 2017", diz o decreto publicado nesta tarde.

PÚBLICO MAIOR QUE O ESPERADO

Nos bastidores, auxiliares e assessores presidenciais reconhecem que o protesto não foi irrelevante e reuniu público maior do que era esperado.

Eles avaliam, no entanto, que os episódios de vandalismo e depredação acabaram ganhando mais destaque na opinião pública do que as revindicações, que acabaram colocadas em segundo plano.

A preocupação é de que, a partir de agora, o clima de animosidade popular contra o governo peemedebista se intensifique e novas manifestações com episódios de violência ocorram em todo o país.

Com o agravamento do confronto entre manifestantes e policiais, o presidente ordenou a evacuação de todos os prédios da Esplanada dos Ministério na tarde desta quarta-feira (24).

A ordem foi repassada pela Casa Civil devido aos episódios de depredação e vandalismo nas estruturas governamentais, como o incêndio causado na Agricultura.

O presidente também acionou o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) para ajudar na evacuação dos prédios e evitar que outras estruturas ministeriais sejam incendiadas.

Foram disparadas bombas de gás e de efeito moral durante a manifestação.

A cavalaria da Polícia Militar chegou a investir contra os manifestantes, que responderam jogando pedras e paus.

Os organizadores falam em mais de 100 mil pessoas. A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal afirmou que até as 11h30 havia 25 mil manifestantes.


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