Folha de S. Paulo


Empresa de submarinos é investigada na França por corrupção no Brasil

Promotores abriram uma investigação na França sobre um contrato de 6,7 bilhões de euros (cerca de R$ 22,9 bi) entre a fabricante naval francesa DCNS e o Brasil, que incluía a venda de cinco submarinos, de acordo com a agência Reuters.

A investigação, iniciada em outubro de 2016, trata de "corrupção de funcionários estrangeiros", disse uma pessoa próxima às investigações.

Esse trabalho tem ligação com a Operação Lava Jato, que desde 2014 investiga a corrupção envolvendo políticos e empresas no Brasil.

Desde 2015, a Polícia Federal brasileira investiga potenciais irregularidades no projeto militar de construção de um submarino nuclear, feito em parceria com a França.

Delatores da Odebrecht apontaram que uma parte do dinheiro investido no projeto do submarino foi desviada para caixa dois de campanhas eleitorais. Também houve propina para um lobista e para um oficial graduado da Marinha, segundo eles.

Roberto Stuckert Filho - 12.dez.2014/AFP
Dilma Rousseff na cerimônia de inauguração de estaleiro de submarinos em Itajaí (RJ)
Dilma Rousseff na cerimônia de inauguração de estaleiro de submarinos em Itaguaí (RJ)

PARCERIA

Em 2008, os presidentes Lula e Nicolas Sarkozy assinaram um acordo entre Brasil e França para a troca de conhecimentos sobre submarinos nucleares.

No ano seguinte, foram assinados os contratos para a construção de quatro submarinos convencionais e um nuclear.

O preço de partida foi de 6,7 bilhões de euros (R$ 22,9 bilhões atualmente), para que o Brasil fosse um dos seis países no mundo a contar com um equipamento desses.

A DCNS condicionou sua entrada no negócio à contratação da Odebrecht como parceira. Caberia à empreiteira a construção da base naval de Itaguaí (RJ) por 1,7 bilhão de euros (R$ 6,2 bilhões).

Não houve licitação, o que provocou críticas à época. Até então, o Brasil vinha desenvolvendo submarinos com tecnologia alemã, vista por especialistas superior à dos franceses.

A DCNS ainda é acusada de propina em negócios envolvendo os mesmos submarinos para Índia e Malásia.

A empresa tem 62% de suas ações controladas pelo governo francês e 35% pelo grupo francês Thales SA, que atua na área de defesa.

"Não temos nada com relação à Lava Jato. A DCNS escrupulosamente respeita as regras da lei ao redor do mundo", disse um porta-voz da empresa.


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